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COTIDIANO

Dalai Lama decide abdicar da liderança política do Tibete

Ao abdicar dos seus poderes políticos, o Dalai Lama, de 75 anos, torna mais difícil para a China influenciar o curso do movimento independentista depois de sua morte, dizem analistas.

Publicado em 10/03/2011 às 16:36

Do G1

O Dalai Lama disse nesta quinta-feira que renunciará às funções de líder político do Tibete, o que deve transformar o governo tibetano do exílio em um organismo mais firme e democrático para enfrentar a pressão da China.

Ao delegar seus poderes, o Dalai Lama daria um maior peso ao primeiro-ministro do Tibete, num momento em que a região busca maior autonomia em relação a Pequim. Os tibetanos do exílio elegerão um novo primeiro-ministro neste mês, o que é visto como uma abertura para uma geração de líderes jovens e laicos, e como um fortalecimento da posição global do movimento autonomista tibetano.

'Já em 1960 eu dizia repetidamente que os tibetanos precisam de um líder eleito livremente pelo povo tibetano, a quem eu possa delegar o poder', disse o Dalai Lama em seu discurso anual, marcando os 52 anos desde que ele fugiu do Tibete, após uma frustrada rebelião contra o regime chinês.

'Agora claramente chegou o momento de colocar isto em prática', disse a uma multidão de 2.000 monges budistas e tibetanos que o ouviam prostrados.

O anúncio já era amplamente esperado, e o Dalai Lama continuará sendo o líder espiritual do Tibete e defendendo uma 'autonomia significativa' para sua região a partir da cidade indiana de Dharamsala, onde vive exilado desde 1959.

O primeiro-ministro do governo tibetano no exílio, Samdhong Rinpoche, disse a repórteres na quinta-feira que não estava claro se o Parlamento poderia aceitar a renúncia do Dalai Lama, e advertiu para um impasse constitucional.

A China, que considera o Dalai Lama como um perigoso separatista responsável por impulsionar as revoltas ocorridas no Tibete, denunciou sua renúncia como um 'truque'.

'O Dalai Lama usa a religião como um disfarce e ele é um exilado político que tem realizado atividades separatistas há muito tempo', disse Jiang Yu, porta-voz da chancelaria. 'Há anos ele expressa sua intenção de se aposentar. Acreditamos que esses são truques para enganar a comunidade internacional.'

Ao abdicar dos seus poderes políticos, o Dalai Lama, de 75 anos, torna mais difícil para a China influenciar o curso do movimento independentista depois de sua morte, dizem analistas.

O governo chinês diz que precisa aprovar todas as reencarnações de Budas vivos - as mais altas personalidades religiosas do budismo tibetano. Pequim também diz que China tem de subscrever a escolha do próximo Dalai Lama.

Os tibetanos temem que a China use a espinhosa questão da sucessão do Dalai Lama para dividir o movimento quando o atual líder religioso morrer, com um novo Lama apontado pelos exilados, e outro pela China.

Na segunda-feira, a China insistiu que o Dalai Lama não tem o direito de escolher seu sucessor, pois deve seguir a tradição histórica e religiosa da reencarnação.

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Jornal da Paraíba

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