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COTIDIANO

A dois dias do julgamento do habeas corpus de Lula, Cármen Lúcia pede 'serenidade' em pronunciamento

Presidente do STF faz pronunciamento destacando os "tempos de intolerância" no país.

Publicado em 02/04/2018 às 17:54 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:27


                                        
                                            A dois dias do julgamento do habeas corpus de Lula, Cármen Lúcia pede 'serenidade' em pronunciamento
Cármen Lúcia fará parte da abertura da 4ª Conferência Estadual de Cultura da Paraíba | Foto: Divulgação/STF

Faltando dois dias para o julgamento que decidirá se o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva poderá ser preso após decisão da segunda instância, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) faz um pronunciamento nesta segunda-feira (2) em que pede serenidade aos brasileiros. O pronunciamento vai ser exibido a partir das 18h30 na TV Justiça.

No pronunciamento, Cármen Lúcia afirma que o país vive “tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições" e diz que, fora da democracia, “não há respeito ao direito, nem esperança de justiça e ética”.

“Problemas resolvem-se com racionalidade, competência, equilíbrio e respeito aos direitos. Superam-se dificuldades fortalecendo-se os valores morais, sociais e jurídicos. Problemas resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição, papel fundamental e conferido ao Poder Judiciário, que o vem cumprindo com rigor”, disse a presidente do STF.

Nesta quarta-feira (4) o STF julga o habeas corpus protocolado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar a execução provisória da pena de 12 anos e um mês de prisão na ação penal do tríplex do Guarujá (SP), um dos processos da Operação Lava Jato.

Confira na íntegra o pronunciamento de Cármen Lúcia:

"A democracia brasileira é fruto da luta de muitos. E fora da democracia não há respeito ao direito, nem esperança de justiça e ética. Vivemos tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições.

Por isso mesmo, este é um tempo em que se há de pedir serenidade. Serenidade para que as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social. Serenidade para se romper com o quadro de violência. Violência não é justiça. Violência é vingança e incivilidade. Serenidade há de se pedir para que as pessoas possam expor suas ideias e posições, de forma legítima e pacífica.

Somos um povo, formamos uma nação. O fortalecimento da democracia brasileira depende da coesão cívica para a convivência tranquila de todos. Há que serem respeitadas opiniões diferentes.

Problemas resolvem-se com racionalidade, competência, equilíbrio e respeito aos direitos. Superam-se dificuldades fortalecendo-se os valores morais, sociais e jurídicos. Problemas resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição, papel fundamental e conferido ao Poder Judiciário, que o vem cumprindo com rigor.

Gerações de brasileiros ajudaram a construir uma sociedade, que se pretende livre, justa e solidária. Nela não podem persistir agravos e insultos contra pessoas e instituições pela só circunstância de se terem ideias e práticas próprias. Diferenças ideológicas não podem ser inimizades sociais. A liberdade democrática há de ser exercida sempre com respeito ao outro.

A efetividade dos direitos conquistados pelos cidadãos brasileiros exige garantia de liberdade para exposição de ideias e posições plurais, algumas mesmo contrárias. Repito: há que se respeitar opiniões diferentes. O sentimento de brasilidade deve sobrepor-se a ressentimentos ou interesses que não sejam aqueles do bem comum a todos os brasileiros. A República brasileira é construção dos seus cidadãos.

A pátria merece respeito. O Brasil é cada cidadão a ser honrado em seus direitos, garantindo-se a integridade das instituições, responsável por assegurá-los."

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Tiago Bernardino

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