COTIDIANO
Entenda a greve dos motoristas de ônibus em João Pessoa
O Jornal da Paraíba explica os motivos da greve e a situação do funcionamento dos ônibus na capital.
Publicado em 27/01/2025 às 9:39 | Atualizado em 30/01/2025 às 7:03
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Os motoristas de ônibus de João Pessoa entraram em greve na manhã desta segunda-feira (27). A paralisação deixou as paradas lotadas e causou esperas de até duas horas pelo transporte.
O Jornal da Paraíba explica o motivo da greve, se há tentativas de conciliação para encerrar o movimento, se os ônibus estão circulando e mais. Confira os detalhes abaixo.
Por que os motoristas de ônibus entraram em greve?
A categoria está pedindo um aumento salarial de 15%, enquanto o sindicato patronal apresentou uma proposta de 3%. Além do aumento, os motoristas reivindicam questões como o retorno do vale-alimentação, suspenso desde 2019, e o fim das duas jornadas de trabalho. Veja as principais reivindicações da categoria:
- Reajuste de 15% no piso salarial
- Aumento de 81% no valor do auxílio-alimentação
- Elevação de 150% no valor da gratificação
- Inclusão de plano odontológico
- Plano de saúde
Uma reunião entre os motoristas de ônibus de João Pessoa e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP), realizada na terça-feira (21), terminou sem acordo sobre o reajuste salarial dos profissionais.
Em nota, o Sintur-JP afirmou que, durante a reunião, foram apresentadas novas demandas pelo Sindicato dos Motoristas, além do reajuste salarial. “Apesar dos esforços para avançar no diálogo, os números apresentados estão distantes da capacidade financeira das empresas de transporte, que enfrentam desafios para manter a operação sustentável e equilibrada”, afirmou.
A discussão também está sendo influenciada pelo recente aumento na tarifa de ônibus, que passou de R$ 4,90 para R$ 5,20 no dia 13 de janeiro. Segundo os motoristas, o reajuste no valor da passagem não refletiu em melhorias salariais para a categoria.
Nova tentativa de conciliação?
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Na manhã desta segunda-feira (27), primeiro dia de greve, foi realizada uma audiência de conciliação entre o Sintur-JP e o sindicato dos motoristas. No entanto, os motoristas recusaram a proposta apresentada. A categoria reivindica um aumento salarial de 15%, enquanto as empresas ofereceram um reajuste de 5%.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas, Ronne Nunes, a Justiça do Trabalho propôs um reajuste de 6%, além de um vale-alimentação de R$ 570 e um adicional de R$ 150 para motoristas que também desempenham a função de cobrador. No entanto, o sindicato que representa as empresas de transporte coletivo rejeitou a proposta.
Após uma audiência de instrução no Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (TRT-13), na quarta-feira (29), a categoria dos motoristas decidiu, mais uma vez, manter a greve. A nova proposta do Sintur-JP incluiu um reajuste linear de 5% e um vale-alimentação de R$ 500 em janeiro, com aumento gradativo para R$ 550 a partir de 1º de julho, além da manutenção da gratificação, do plano de saúde e demais cláusulas da convenção coletiva. Não houve acordo.
Uma nova assembleia dos motoristas está prevista para a manhã desta quinta-feira (30), na qual a categoria deve avaliar a nova proposta do Sintur-JP.
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Os ônibus estão circulando durante a greve?
Uma decisão da presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), desembargadora Herminegilda Leite Machado, determinou que os ônibus de João Pessoa devem operar com, no mínimo, 60% da frota durante a greve dos motoristas.
No entanto, na manhã desta segunda-feira (27), poucos ônibus estavam em circulação na capital e as paradas ficaram lotadas de passageiros.
O presidente do Sintur, Isaac Júnior, afirmou que a saída dos ônibus das garagens estava sendo bloqueada e que a categoria dos motoristas estava desrespeitando a ordem judicial.
"Com a greve já deflagrada pelo sindicato dos motoristas, 60% da frota de ônibus de João Pessoa, que corresponde a 420 veículos, deveria estar circulando desde hoje. Infelizmente, em flagrante desrespeito à determinação judicial, o sindicato dos motoristas bloqueou e obstruiu completamente as portas das garagens, impedindo a saída dos ônibus. A população está absolutamente desassistida de transporte coletivo", afirmou Isaac Júnior.
O presidente do sindicato dos motoristas, Rone Nunes, informou que os motoristas permanecem nas garagens, mas se recusam a sair para operar os ônibus. “A categoria está revoltada”, declarou ele. Apesar disso, o presidente assegurou que os ônibus começaram a sair das garagens, embora de forma lenta.
Apesar da determinação, no segundo dia de greve, apenas tem 48,1% dos ônibus estavam circulando. A informação do percentual de ônibus circulando é do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP).
Quantos passageiros serão afetados?
A estimativa é que 100 mil passageiros sejam afetados direta e indiretamente pela paralisação das atividades dos motoristas.
As paradas de ônibus em diversos pontos da cidade ficaram lotadas na manhã desta segunda-feira (27), forçando muitos passageiros a recorrerem a aplicativos de transporte.
Adriana, entrevistada pela TV Cabo Branco, relatou que estava na parada final da linha 301, em Mangabeira V, desde as 4h30 da manhã. No entanto, até as 6h20, nenhum ônibus havia passado, e ela ainda aguardava para chegar ao trabalho.
“A passagem subiu para R$ 5,20, e os motoristas têm os direitos deles. Disseram que os ônibus iriam circular, mas nenhum passou. Estou aqui desde as 4h30, já faz 2 horas que estou esperando”, desabafou Adriana.
Trabalhadores do comércio podem ser penalizados por atrasos?
O Sindicato dos Comerciários da Grande João Pessoa (Sinecom) informou, em nota nas redes sociais, que o trabalhador não pode ser penalizado por falta de transporte público.
O sindicato explica que, caso haja falta ou atraso do trabalhador, a empresa não pode descontar do salário, por não haver transporte coletivo disponível.
Para evitar que o empregado precise faltar, o sindicato sugere que a empresa ofereça as condições necessárias para o deslocamento, como:
- Táxi;
- Transporte por aplicativo; ou
- Fretar transporte.
Além disso, recomenda que o trabalhador documente os motivos da ausência ou atraso ao gestor ou ao setor de Recursos Humanos.
Faixa exclusiva de ônibus liberada para carros
A Semob-JP informou que, devido ao aumento do tráfego de veículos em João Pessoa nesta segunda-feira (27), as faixas exclusivas para ônibus foram liberadas para circulação geral.
A medida visa minimizar os transtornos causados pela greve dos motoristas de ônibus e pela maior demanda por carros, motos e serviços de transporte por aplicativo.
A fiscalização e o monitoramento do trânsito e transporte continuam sendo realizados, com a expectativa de que a situação seja normalizada em breve, conforme avanços nas negociações entre empregadores e trabalhadores.
Corredores com faixas exclusivas:
- Avenida Josefa Taveira
- Avenida Epitácio Pessoa
- Avenida Vasco da Gama
- Avenida Getúlio Vargas
- Avenida Pedro II
- Avenida Padre Meira
- Rua Guedes Pereira
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