Passageiros relatam espera de até 2 horas por ônibus durante greve em João Pessoa

As paradas de ônibus ficaram lotadas de passageiros nas primeiras horas desta segunda-feira (27), devido à greve dos motoristas de transporte coletivo em João Pessoa. Muitos relataram longas esperas sem que qualquer veículo passasse. Apesar da ordem judicial que estipulava que 60% da frota deveria operar durante a paralisação, o número de ônibus nas ruas estava reduzido.

Em entrevista à TV Cabo Branco, Adriana contou que estava desde as 4h30 da manhã na parada final da linha 301, em Mangabeira V. Por volta das 6h20, ainda não havia passado nenhum ônibus e ela continuava esperando para ir ao trabalho.

“A passagem aumentou para R$ 5,20. Eles (os motoristas) têm seus direitos. Disseram que os ônibus iam circular e nenhum passou. Já estou aqui há 2 horas, desde as 4h30, esperando", declarou Adriana.

Muitos passageiros também estavam na Integração do Parque da Lagoa, no Centro da cidade, esperando os ônibus. Mauriceia contou que pegou uma carona do bairro Vieira Diniz até o local, chegando às 5h15, mas por volta das 6h10 nenhum ônibus da linha 601 passou.

“Eu acho um absurdo a gente ter uma das passagens mais caras do Nordeste e ter que passar por essa humilhação. Por que não resolvem logo a situação dos motoristas? Não houve aumento de passagem? Não sabiam que isso ia acontecer? Nós estamos aqui a Deus dará”, afirmou.

Segundo os sindicatos, a greve começou por volta das 4h30, horário em que os ônibus começam a operar. A previsão é de que cerca de 100 mil passageiros sejam impactados diretamente pela paralisação dos motoristas.

A categoria está reivindicando melhorias como aumento salarial e o retorno do vale-alimentação.

Em conformidade com a decisão judicial, 60% da frota de ônibus deve circular durante a greve. A determinação ainda estipula uma multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 200 mil, caso as empresas de transporte não cumpram a ordem.

Ainda na manhã desta segunda-feira (27) deve ocorrer uma audiência de conciliação entre o Sintur-JP e o sindicato dos motoristas. O documento também convoca para a audiência de conciliação representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Ônibus nas garagens

O presidente do Sintur, Isaac Júnior, afirmou que a saída dos ônibus das garagens estava sendo bloqueada e que a categoria dos motoristas estava desrespeitando a ordem judicial.

"Com a greve já deflagrada pelo sindicato dos motoristas, 60% da frota de ônibus de João Pessoa, que equivale os 420, que é a nossa frota operacional, 252 ônibus deveriam estar circulando desde João Pessoa hoje. Infelizmente, no flagrante desespeito à determinação judicial, o sindicato dos motoristas bloqueou e obstruiu completamente as portas das garagens e impediu a saída dos ônibus. População de pessoas está absolutamente desassistida de transporte coletivo", afirmou Isaac Júnior.

O presidente do sindicato dos motoristas, Rone Nunes, informou que os motoristas permanecem nas garagens, mas se recusam a sair para operar os ônibus. “A categoria está revoltada”, declarou ele. Apesar disso, o presidente assegurou que os ônibus estão saindo das garagens, embora de forma lenta.

Por volta das 7h50, a Semob João Pessoa informou que os ônibus começaram a sair das garagens.

Greve dos motoristas de ônibus

Os motoristas dos ônibus de transporte público de João Pessoa aprovaram o indicativo de greve no dia 21 de janeiro, após a reunião entre motoristas de ônibus de João Pessoa e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP) terminar sem acordo.

Em nota, o Sintur-JP disse que durante a reunião foram apresentadas novas demandas pelo Sindicato dos Motoristas, além do reajuste salarial. “Apesar dos esforços para avançar no diálogo, os números apresentados estão distantes da capacidade financeira das empresas de transporte, que enfrentam desafios para manter a operação sustentável e equilibrada”, afirmou. O sindicato ainda destacou que a data-base da categoria está garantida para 1º de janeiro, independentemente do momento em que o acordo seja formalizado.

O impasse ocorre em meio a pressões dos trabalhadores, que realizaram uma paralisação no dia 16 de janeiro, no entorno da Lagoa do Parque Solon de Lucena.

A discussão também está sendo influenciada pelo recente aumento na tarifa de ônibus, que passou de R$ 4,90 para R$ 5,20 no dia 13 de janeiro. Segundo os motoristas, o reajuste no valor da passagem não refletiu em melhorias salariais para a categoria.