icon search
icon search
home icon Home > cotidiano
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

COTIDIANO

Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC

Professora também falou sobre as obras que estão abandonadas na instituição.

Publicado em 26/07/2020 às 13:43 | Atualizado em 26/07/2020 às 18:24


                                        
                                            Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC
Foto: Facebook/Margareth Diniz

				
					Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC
Foto: Facebook/Margareth Diniz. Foto: Facebook/Margareth Diniz

O discurso da professora Margareth Diniz já é de despedida, afinal daqui a exatos 30 dias, no dia 26 de agosto, o novo nome que ocupará o cargo de reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) será eleito. Em conversa com o JORNAL DA PARAÍBA, a reitora falou deste processo eleitoral, sobre os avanços, os problemas e principalmente sobre o momento vivido pela educação brasileira, em relação a autonomia universitária e no cenário nacional, a crise interna vivida no Ministério da Educação (MEC).

Recentemente, a UFPB divulgou o ‘UFPB em números: 2012-2019’, publicação que é uma espécie de prestação de contas do que foi feito durante o período referente aos dois mandatos da atual gestão. Na apresentação, o texto diz que o documento apresenta “resultados alcançados nas áreas de ensino, pesquisa, extensão, inovação tecnológica, internacionalização e gestão de pessoas”.

Primeira mulher reitora em 65 anos de história da UFPB, Margareth afirmou que logo após a sua saída do cargo, voltará à sala de aula e retomará atividades que, segundo ela, não deixou de desempenhar nestes oito anos comandando a Universidade: laboratório, pesquisas e orientações em nível de pós-graduação.

Jornal da Paraíba – Está chegando o fim da sua passagem enquanto reitora da UFPB. Essa saída tem um sentimento de dever cumprido ou de que muita coisa ainda poderia ser feita?

Margareth Diniz – As minhas expectativas foram superadas. Acho que conseguimos fazer mais do que tínhamos planejado e sempre existirá o que fazer. Foram muitos avanços, mas posso destacar que durante estes quase oito anos criamos a Agência de Inovação Tecnológica e estamos primeiro lugar no Brasil, em depósito de patentes. Criamos a Agência de Cooperação Internacional e celebramos convênios com 86 países do mundo. O mais recente deles, inclusive, foi com o Conselho Permanente de Direito Internacional do Mercosul, que vai fazer a interlocução permanente de forma internacional sobre direito internacional.

JP – Percebemos que houve um crescimento de aproximadamente 52% nas vagas de pós-graduação e como você citou, também há uma elevação no número de patentes. É um novo momento que a universidade tem vivido, deixando de ter a maioria das atenções concentradas na graduação e partindo para outros segmentos do ensino e da pesquisa?

MD – Temos professores e pesquisadores, que dedicam o seu tempo e os seus esforços para que estes resultados sejam alcançados. A UFPB cresceu muito nesta área, realmente e isso também se reflete diretamente nas pessoas que fazem a instituição. Nós temos 81% dos professores com doutorado e 38% dos técnicos-administrativos com pós-graduação. Os programas de mestrado e doutorado que abrem vaga para os servidores recebem o pagamento das bolsas.

Hoje nós temos bolsas de iniciação científica com um quantitativo maior que o CNPq. Na extensão são mais de 1.200 projetos financiados pela UFPB e eles praticamente têm alguma ligação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Agora isso é fruto de um trabalho coletivo, de muitos professores envolvidos e não da reitoria.

Em relação às patentes, em 2012, a UFPB tinha dez patentes registradas. Em 2019 já são 98 e com muitas outras que ainda estão no processo de registro.

JP – Por outro lado, tivemos uma queda de 23% no número de matriculados nos cursos de graduação...

MD - Parte das vagas que ficam ociosas e desses números são frutos do Enem. Aderimos a e ele e ao Sisu, e isso faz com que estudantes de todo o Brasil possam vir para a UFPB. Por outro lado, no próximo ano, essas pessoas podem voltem para casa e ficamos com as vagas ociosas. Isso acontece muito nos cursos de Direito e Medicina, por exemplo, por isso de um ano para o outro havia uma queda no número de matriculados. Eles começam estudando aqui, tentam voltar para os seus estados. Para evitar o que chamamos de vagas ociosas, começamos a fazer o Processo Seletivo de Transferência Voluntária, o PSTV. Fazemos um levantamento das vagas que temos e preenchemos com estudantes de outros cursos, faculdades particulares e graduados.

JP – O Brasil tem vivido uma crise sem precedentes no Ministério da Educação, inclusive com a pasta ficando um tempo sem comando. De que forma isso influencia na UFPB?

MD - Os problemas que acontecem no Ministério, se refletem na educação como um todo e isso é mais um desafio para todos os reitores, além de todos que já temos que enfrentar no dia a dia. A educação é o caminho que transforma a vida das pessoas e consequentemente as que estão no seu entorno. Não tenho dúvida disso. Então qualquer problema que tenhamos na educação, isso se reflete em todo o país, principalmente vindo do órgão maior da nação.


				
					Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC
Milton Ribeiro assumiu o comando do MEC, após um período de atribulações e saída de dois ministros. Foto: Reprodução. Foto: Reprodução

JP – Um dos debates da comunidade acadêmica é sobre a autonomia universitária. Inclusive agora, nesta eleição para reitor, a UFPB deixará de ter a paridade do voto entre alunos, servidores e professores. Por que essa mudança, se a universidade é autônoma?

MD - Eu fui eleita duas vezes, em um processo de consulta que havia a paridade entre professores, técnicos e estudantes. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) diz que a consulta institucional para reitor deve acontecer com os professores correspondendo a 70% do peso dos votos, 15% os estudantes e os outros 15% técnicos-administrativos. É justo? Não é justo e nós somos favoráveis a paridade. Mas, com a chegada desta nova gestão no Governo Federal, recebemos uma comunicação que a eleição precisaria seguir o que a LDB diz e, caso contrário, seria nomeado um reitor pró-tempore e a consulta promovida por nós não teria validade.

Isso seria o pior cenário para a nossa instituição, pois ninguém quer um interventor. Queremos um nome escolhido pela comunidade acadêmica. Por isso, chamamos pela autonomia e encaminhamos um documento para o MEC, com base no Artigo 207 da Constituição Federal, que fala sobre a autonomia universitária. Nós temos o documento e a resposta foi que autonomia não é independência às leis.

Estamos passando por essa situação. Chamamos o Conselho Universitário (Consuni) e foi decidido seguir o caminho da LDB, por entendermos que é muito pior a nomeação de um interventor. Não foi a reitora que decidiu isso.

JP – Já que estamos falando em eleições para reitor, quem é o candidato ou a candidata da professora Margareth Diniz?

MD – O grupo ao qual eu faço parte decidiu pelo nome de Isac Medeiros, que é pró-reitor de Pesquisa da UFPB. O professor tem experiência com gestão, estudou fora do país, já foi presidente do Fórum de Pró-reitores do Brasil, diretor do laboratório de tecnologia farmacêutica e acreditamos que é um excelente nome para ser apreciado pela comunidade acadêmica, na consulta para reitor.


				
					Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC
O pró-reitor de Pesquisa da UFPB, Isac Medeiros, é o candidato apoiado por Margareth Diniz. Foto: Divulgação. Foto: Divulgação

JP – Acredito que um dos grandes desafios em uma eleição como essa é responder aos que fazem a universidade, sobre obras que até hoje estão inacabadas, não? O que dizer?

MD - Vamos deixar um documento com as obras que estão inacabadas e propostas de solução para cada uma delas. Quando chegamos em 2012, vimos que a universidade nunca tinha tirado um alvará de construção. Os processos de licitação só levavam em consideração o projeto arquitetônico. Era como casca de ovo, sabe? Que não tem clara e nem gema. Do mesmo jeito eram as obras, que tinham apenas as paredes, mas faltava projeto elétrico, hidráulico e principalmente avaliação dos Bombeiros. Um dos exemplos é o prédio da TV UFPB, que veio gente até de Brasília para a inauguração. Compramos os equipamentos e quando fomos instalar, o projeto elétrico aguentava só um ventilador. Algumas obras estão sendo questionadas judicialmente.

(Em novembro de 2012, logo quando assumiu o cargo de reitora em seu primeiro mandato, Margareth Diniz prometeu concluir obras que se encontravam inacabadas.)

Tivemos uma reunião com órgãos como TCU, CGU, AGU, Prefeitura de João Pessoa e Corpo de Bombeiros, para que encontrássemos um caminho para tudo isso. Encaminhamos e espero que pós-pandemia resolvamos a questão de um Termo de Ajustamento de Conduta. Fizemos projetos complementares e estamos resolvendo questões sobre as obras paradas, que algumas prestações de contas feitas não batem.


				
					Margareth Diniz fala sobre avanços na UFPB, eleições e crise no MEC
Em 2018, o G1 Paraíba mostrou obras que estavam paralisadas. O prédio do curso de Antropologia, no Campus Litoral Norte, deveria ter sido concluído em 2013. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Nestes quase oito anos entregamos o prédio da Prefeitura Universitária, Superintendência de Tecnologia da Informação, prédio de pesquisa clínica e o da pós-graduação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Estamos trabalhando para deixarmos licitadas a construção da Escola de Música, com recursos próprios da UFPB, no valor de R$ 2,1 milhões; Conseguimos com o MEC, aproximadamente R$ 4,2 milhões para concluirmos o prédio do Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR); Quase R$ 4 milhões para a reforma da Biblioteca Central e isso já ficará encaminhado.

JP – Já são 35 anos na UFPB. Quando a professora sair do cargo de reitora, o que planeja fazer?

MD - Eu fui diretora do Hospital Universitário, diretora do Centro de Ciências da Saúde e reitora. São 24 nessa parte administrativa, mas nunca deixei de fazer pesquisa, de orientar iniciação científica e ainda tenho 8 doutorandos neste momento. Continuo sendo pesquisadora do CNPq e tenho um laboratório de alto nível em toxicologia. Penso em quando sair retomar meus projetos e agora de forma mais presente no laboratório, orientando os estudantes e ver com o meu departamento como vamos tratar as aulas da graduação. Eu deixei de exercer a medicina e a farmácia, para me dedicar a ser professora. Então, se esse foi o caminho que eu escolhi, tenho muito orgulho em continuar caminhando por ele.

Imagem

Raniery Soares

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp