COTIDIANO
Estudante africana é hospitalizada após ser agredida dentro da UFPB
Estudante de Letras de 23 anos e natural de Guiné Bissau sofreu agressões verbais e ofensas raciais antes de levar chutes no abdômen. Ela está no Trauma em estado regular.
Publicado em 24/05/2010 às 17:41
Phelipe Caldas
A estudante de Letras Chadidjatu Cassama, africana de 23 anos e natural de Guiné Bissau, foi vítima nesta segunda-feira (24) de agressões físicas e verbais e de ofensas racistas dentro do Campus I da Universidade Federal da Paraíba. Ela estuda em João Pessoa dentro de um convênio estudantil entre o Brasil e o seu país natal e o incidente foi tão grave que ela precisou ser levada para o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. Já o agressor, ainda não identificado, foi detido pela Polícia Militar e levado para a 4ª Delegacia Distrital do Geisel.
Segundo testemunhas, Chadidjatu andava por um dos corredores do Centro de Educação do campus quando foi abordada por um homem (que segundo informações extra-oficiais vendia cartões de crédito). Em determinado momento, ele teria dado uma cantada na estudante e depois feito alguns gestos obscenos contra ela.
Quando Chadidjatu exigiu respeito e se indignou, ele teria partido para agressões verbais e xingamentos racistas que culminaram na agressão física. Estudantes intervieram e acionaram o setor de segurança da UFPB. Chadidjatu foi levada para o Hospital de Trauma e lá deu entrada em estado regular. A assessoria de imprensa do hospital diz que ela levou vários chutes no abdômen e permanece em observação. Mas destaca que ela chegou consciente no local.
O homem, por sua vez, foi levado para a 4ª DD por policiais militares, onde prestou depoimento e foi liberado em seguida. Amigos da vítima também foram ao local para prestar depoimento e oficializar denúncia contra o agressor.
Em frente ao Trauma, outros estudantes africanos fazem vigília a espera de notícias sobre a amiga. Sergi Katembera, que tem 24 anos e é do Congo, explicou que por não serem familiares da jovem os colegas não tiveram acesso ao interior do hospital, mas ele lembra que Chadidjatu não tem nenhum familiar no Brasil.
Sergi disse também que já amanhã a comunidade africana na UFPB, em companhia de colegas brasileiros, vão decidir que tipo de protesto farão para denunciar o caso. “Não podemos admitir que atos como este se repitam. É uma vergonha”, lamentou.
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