COTIDIANO
Falsa psicóloga que atendia crianças autistas é presa em Campina Grande
Mulher se apresentava como psicóloga e doutora em psicologia experimental e análise do comportamento aplicada (Aba), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Investigações começaram após pais de crianças atendidas pela suspeita desconfiarem.
Publicado em 13/09/2022 às 13:52
Uma mulher foi presa nesta terça-feira (13), em Campina Grande, suspeita de falsificar documentos e atuar como falsa psicóloga, atendendo crianças autistas na cidade onde a prisão aconteceu e no Sertão. Ela se apresentava como psicóloga e doutora em psicologia experimental e análise do comportamento aplicada (Aba), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). As informações são do delegado Gilson Teles, que é o responsável pela investigação.
Além de atender crianças autistas, ela atuava supervisionando terapeutas, ministrava aulas em uma instituição de cursos técnicos e costumava dar entrevistas como especialista. Segundo o delegado, os atendimentos começaram no final de 2021.
A suspeita está na Central de Polícia de Campina Grande, onde deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (14). O delegado disse que ela afirmou ter sido vítima de um golpe no interrogatório inicial. Outros documentos ainda serão analisados, e as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos.
Foram ouvidos pais de crianças atendidas pela suspeita e também outras terapeutas. Além disso, a Polícia Civil entrou em contato com as instituições citadas por ela.
As investigações apontaram que a mulher é pedagoga e chegou a começar uma graduação em psicologia em uma universidade privada, mas só cursou até aproximadamente metade da formação. Já o diploma de doutorado é falso, e ela nunca esteve no corpo discente da Pontifícia Universidade Católica.
A suspeita também apresentava declarações de mestrado na CBI de Miami e na Must University, nos Estados Unidos. O delegado afirma que ela iniciou mestrado na primeira instituição, mas não chegou a terminar. Quanto à segunda, a suspeita nunca esteve na lista de discentes.
Pais desconfiaram
As investigações começaram há cerca de dois meses, quando pais de crianças atendidas pela mulher passaram a desconfiar de alguns comportamentos dela. Segundo o delegado, além de expor excessivamente as crianças em seu perfil nas redes sociais, o diploma de doutorado em medicina com alusão à psicologia experimental da análise do comportamento em ABA, da PUC, apresentava inconsistências típicas de documentos falsos.
Outra atitude que despertou um alerta nos pais foi o fato da psicóloga apresentar o mesmo plano de tratamento para várias crianças, o que é inadequado, uma vez que cada criança autista possui particularidades e, por isso, os planos de tratamento costumam ser individuais. "Cada criança precisa de um plano terapêutico individual, mas ela apenas pedia para mudar o nome", afirmou Gilson Teles.
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