COTIDIANO
Faltou ação do Brasil na crise entre Venezuela e Colômbia, diz Marina
Proximidade de Lula e Chávez cria "ambiguidades", afirma candidata do PV. Senadora concedeu entrevista à TV Brasil, do governo federal.
Publicado em 25/07/2010 às 9:21 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:36
Do G1
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira (23), em entrevista à TV Brasil, que faltou “proatividade” ao governo Luiz Inácio Lula da Silva na mediação da atual crise entre Venezuela e Colômbia.
“Faltou proatividade maior na liderança e no papel de equilíbrio que tem o Brasil no contexto da América Latina”, disse a senadora. Marina disse ainda que a proximidade de Lula ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, cria “ambiguidades que devem ser corrigidas”.
“Nossos alinhamentos políticos e ideológicos não nos podem afastar da responsabilidade que temos como chefe de estado, como governo, como estado brasileiro”, disse a senadora. Chávez anunciou nesta quinta-feira (22) o rompimento das relações com a Colômbia, em razão de acusações do governo de Álvaro Uribe de que a Venezuela abriga acampamentos de guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Marina encerrou a série de entrevistas que a TV Brasil, emissora do governo federal, promoveu nesta semana com os três candidatos à Presidência que ocupam as primeiraas colocações nas pesquisas eleitorais. A entrevista com Dilma Rousseff foi ao ar na quarta-feira (21) e a de José Serra (PSDB), na quinta-feira (22). A participação da senadora foi a única a ser transmitida ao vivo – as campanhas de Dilma e de Serra optaram por gravar os registros.
Serra e Dilma não atualizaram discurso, diz Marina
Em terceiro lugar nas pesquisas, com intenção de voto na casa dos 10%, Marina atribuiu falta de visão ambiental aos adversários Serra e Dilma, e disse que a ênfase na sustentabilidade difere sua proposta das demais.
“Nesse particular [sustentabilidade] a ministra Dilma e o governador Serra são muito parecidos, ambos são desenvolvimentistas, 'crescimentistas', têm perfil gerencial. Acho que falta a visão, ter compreendido essa questão, atualizado o discurso e percebido o que está acontecendo no mundo”, disse Marina.
A candidata também citou a “honestidade política” e “visão estratégica” como diferenciais de sua candidatura. “Eles [Serra e Dilma] têm perfil gerencial, e nós ficamos 16 anos fazendo políticas com duas pessoas [Lula e FHC] que têm perfil de estrategistas, e agora estão querendo convencer o povo brasileiro de que precisa de um gerente, não de quem tem visão estratégica”, disse.
Construção de maiorias legislativas
Competindo por um partido que possui apenas 14 deputados federais e uma cadeira no Senado, Marina disse que, caso seja eleita, pretende construir maiorias no Congresso a partir de propostas, e não com partilha de cargos. “Espero que a gente possa construir a governabilidade e as maiorias a partir de visão programática.”
A candidata criticou PT e PSDB por não manterem diálogo, e voltou a dizer que as siglas, quando no poder, ficaram “reféns do fisiologismo do PMDB [caso do PT] e do Democratas [caso do PSDB]”. Afirmou, contudo, que pretende governar com "os melhores do PT, do PSDB, do PMDB e do DEM".
Plebiscito para aborto e descriminalização das drogas
Marina também defendeu realização de plebiscito no país sobre a legalização do aborto e a descriminalização das drogas. No caso da interrupção voluntária da gravidez, justificou sua oposição à prática como forma de expor "transparência", mas disse que a votação "traria mais informação" sobre o tema.
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