COTIDIANO
Família da Paraíba denuncia ter sido expulsa de restaurante em SP
Advogado procurou Ministério Público de São Paulo para formalizar denúncia contra restaurante que teria expulso família por causa de criança com necessidades especiais.
Publicado em 19/05/2011 às 20:30
Karoline Zilah
Com Folha de S. Paulo
Uma família paraibana procurou o Ministério Público de São Paulo para formalizar denúncia contra um restaurante que teria agido com discriminação contra uma criança que tem necessidades especiais. O garoto, segundo a família, sofre de distúrbio semelhante ao autismo. O fato do menino ter gesticulada e falada alto teria motivado um dos sócios do estabelecimento a pressionar o grupo para sair.
O pai do menino é o advogado paraibano Glauber Salomão Leite, de 37 anos. Quem procurou o Ministério Público foi o irmão dele, George Salomão Leite, de 35.
Em defesa do restaurante, os donos do local negaram preconceito e disseram que não convidaram os clientes a sair, apenas pediram que o barulho fosse controlado, sem perceber que a criança tinha necessidades especiais.
Leia comentário de Angélica Lúcio, editora do Jornal da Paraíba no blog Consciência Agora
Confira abaixo a reportagem completa da Folha:
Pais afirmam que restaurante expulsou criança com distúrbio
Cristina Moreno de Castro
De São Paulo
No último sábado, o casal de advogados Glauber Salomão Leite, 37, e Carolina Valença Ferraz, 37, combinou de se encontrar com parentes no restaurante Epice, nos Jardins (zona oeste de São Paulo).
Eles estavam com o filho de sete anos, que, logo que chegou, começou a pedir, em tom de voz alto, por suco e pão. Portador de um distúrbio com características do autismo, o garoto às vezes gesticula e fala alto.
Pouco tempo depois, um dos sócios do restaurante, Pedro Keese de Castro, se aproximou e pediu que controlassem a situação, pois estava preocupado com o bem-estar dos outros clientes.
Segundo Glauber, ele ficou parado em frente à mesa, até que os recém-chegados resolveram sair. "Ele ficou aguardando que a gente saísse. Nunca me aconteceu nada parecido", diz.
"Nosso filho ficou atônito, sem perceber totalmente o que havia ocorrido, pois acabamos deixando o restaurante quase imediatamente após a nossa chegada."
Para ele, houve discriminação, pelo fato de a criança ter necessidades especiais.
Glauber afirma que os clientes das outras duas mesas ocupadas não aparentavam ter sido incomodados com o barulho da criança, até porque tinha se passado muito pouco tempo.
O irmão de Glauber, George Salomão Leite, 35, que também estava à mesa, foi ontem ao Ministério Público Estadual para saber como formalizar uma denúncia contra o restaurante "para que isso não se repita com outras pessoas".
Os donos do local negam preconceito e dizem que não convidaram os clientes a sair, apenas pediram que o barulho fosse controlado, sem perceber que a criança tinha necessidades especiais.
"Pensamos que era uma criança bagunceira. Os clientes começaram a olhar e a se movimentar e pensamos: isso vai dar problema", diz a sócia Lara Ezzeddine, 26.
Segundo ela, seu sócio ficou parado ao lado da mesa esperando resposta, não aguardando que saíssem.
"Com qualquer criança a gente teria tido a mesma reação. Pedimos para manterem o controle, porque é um ambiente tranquilo. Não quero que eles pensem que somos pessoas desumanas", afirmou a sócia.
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