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COTIDIANO

MP quer investigar acusados de extorquir pousadas em seu nome

Casal preso por multar dono de pousada diz ter sido contratado por ONG em nome do Ministério Público para fiscalizar secretamente entrada de menores nos estabelecimentos.

Publicado em 09/04/2010 às 11:13

Karoline Zilah

A promotora Soraya Escorel, da Infância e da Juventude, disse que vai abrir uma investigação contra o casal preso em uma pousada na noite da quinta-feira (8) em João Pessoa. Atuados em flagrante por extorsão, o homem e a mulher alegam que foram contratados por uma organização não governamental (ONG) em nome do Ministério Público Estadual para fiscalizar moteis, hoteis e pousadas da região metropolitana.

Usando documentos, camisetas oficiais, cartazes e material de divulgação da campanha, José Maria Pereira da Silva e Ana Maria Alves da Silva dizem que faziam uma espécie de “serviço de inteligência”. Disfarçados, eles atuavam com o objetivo de flagrar os estabelecimentos que não cumpriam o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado para coibir a entrada de menores de idade sem prévia identificação ou sem a companhia de um responsável legal.

O casal é acusado de cobrar multa irregularmente em algumas pousadas. Segundo a Polícia, os dois se passavam por fiscais de menores de idade com o objetivo de extorquir dinheiro dos proprietários, cobrando uma falsa multa por possíveis irregularidades nos estabelecimentos, em valores que chegavam a R$ 20 mil. Depois, diante da resposta negativa, pediam em torno de 10% do valor cobrado para que a mesma não fosse aplicada.

Eles foram denunciados pelo proprietário de uma delas, que desconfiou do caso e acionou a 1ª Delegacia Distrital na noite da quinta-feira (8). A delegada Ranielle Vasconcelos entendeu que José e Ana Maria estavam cometendo crime de extorsão, o que resultou na prisão em flagrante.

Contudo, na Central de Polícia, a versão contada pelo casal é de que eles foram contratados secretamente por Jânio Cândido, diretor do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp-PB), com ligação com a promotoria da Infância e Juventude, representada por Soraya Escorel. A promessa seria de receber entre R$ 5 mil a R$ 20 mil pelo serviço, além de um futuro emprego no Ministério Público. Eles revelaram como seria o esquema ao repórter Jorge Filho, da 101 FM.

Indignada, a promotora Soraya Escorel conversou com o repórter Pedro Alves, da 101 FM, e disse ser lamentável que terceiros usem o nome da instituição. "Não existe nenhuma ordem escrita nem verbal da promotoria, nem do Ministério Público, para que qualquer pessoa faça fiscalização, muito menos usar camisetas ou documentos oficiais", declarou.

Ela afirmou que vai providenciar uma investigação para que sejam apuradas as responsabilidades no fato e a condenação dos envolvidos, inclusive de quem estiver distribuindo e usando material oficial do Ministério Público em serviços irregulares.

Jânio também respondeu sobre as acusações, Ele negou à reportagem da TV Cabo Branco que tenha feito algum trato com as duas pessoas presas para que elas cobrassem dinheiro indevidamente dos estabelecimentos.

“A camiseta tem o nome da Fenasp. Eles usavam de forma autorizada, era uma orientação até para que a pessoa quando chegasse tivesse autorização. Agora ele usar a carteira e chegar a pedir dinheiro não é uma autorização nossa, até porque a gente não precisa disso”, declarou o diretor da ONG.

Ele ainda informou que o órgão trabalha em combate à pedofilia, mas sem usar o nome do Ministério Público.

Imagem

Jornal da Paraíba

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