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COTIDIANO

Paraibanos resgatados do trabalho escravo relatam jornada exaustiva

Jovens foram resgatados em novembro de 2020, durante uma operação da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (DETRAE/SIT), que convidou o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Publicado em 20/07/2021 às 10:06 | Atualizado em 20/07/2021 às 14:59


                                        
                                            Paraibanos resgatados do trabalho escravo relatam jornada exaustiva
Foto: M.F/Arquivo pessoal

Quando receberam propostas de trabalho com carteira assinada e bom salário, os jovens M.F, na época com 17 anos, e I.A.F, de 25 anos, aceitaram de primeira. A esperança de uma vida melhor fez os paraibanos saírem respectivamente das cidades de Tavares e Juru para Santa Catarina. No trabalho, uma plantação de cebolas, a realidade foi diferente do prometido.

Os paraibanos foram resgatados do trabalho escravo em novembro de 2020, durante uma operação da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (DETRAE/SIT), que convidou o Ministério Público do Trabalho (MPT). Também estiveram presentes no resgate a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Defensoria Pública da União (DPU). Eles passaram quinze dias trabalhando sem alojamento e equipamentos de proteção individual adequados. Oito meses depois, os jovens relataram como era a rotina no local.

O trabalho começava cedo, às 6h e só terminava às 18h. Segundo M.F, a alimentação e equipamentos necessários para o trabalho, como botas e luvas, eram descontados do pagamento. Por isso, muitas vezes, o jovem chegou a trabalhar descalço.

“Assim, a alimentação era tudo descontado. Luva, bota, essas coisas se nós comprasse, tinha que pedir a eles e era descontado do nosso dinheiro. Não tinha dinheiro para comprar bota, luva, essas coisas. Quando era de noite, os pés estavam cortados”, relatou.


				
					Paraibanos resgatados do trabalho escravo relatam jornada exaustiva
Foto: M.F/Arquivo pessoal. Foto: M.F/Arquivo pessoal

Além dos descontos, I.A.F relatou que o patrão chegou até a fugir com os trabalhadores do local, para evitar a polícia. Ele também conta que precisava trabalhar até aos domingos.

“Ele chegou até a fugir com nós para a polícia não pegar. Quando chegava o domingo tinha que trabalhar porque se ficasse em casa tinha que pagar R$ 50 de comissão para eles. Aí nós íamos para a roça de todo jeito”.

Apesar de todo o trauma, Otávio hoje está em São Paulo, trabalhando com carteira assinada, mas pretende voltar para a Paraíba e tem o sonho de ser bombeiro. Já Airton voltou para casa, onde trabalha como pescador.

Paraibanos vítimas de trabalho escravo

De acordo com o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico e Desaparecimento de Pessoas da Paraíba, vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano, de 2019 até o atual momento, são 45 vítimas no estado, todas do Sertão. No Brasil, somente no ano de 2019, foram registrados mais de mil casos.

O último caso de paraibanos resgatados do trabalho escravo aconteceu no Ceará, no início de julho. Foram onze trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão, todos da cidade de São Bento.

Conforme informações do procurador do Trabalho na Paraíba Paulo Germano, "os números demonstram que a Paraíba, tal qual os outros estados do Nordeste, tem a vocação de exportadora de mão-de-obra escrava para as frentes de trabalho nas regiões Norte, Centro-oeste e Sudeste (367 de 2003 a 2018). Todavia, no nosso Estado, embora de forma pontual, há a exploração de trabalho análogo à escravidão, a exemplo dos flagrantes na atividade mineratoria, no Cariri Paraibano (Fontes Smartlab e Radar SIT)”.

Conforme Vanessa Lima, coordenadora do Núcleo e do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico e Desaparecimento de Pessoas da Paraíba e da Comissão Estadual de Erradicação ao Trabalho Escravo da Paraíba (SEDH), pode haver uma subnotificação de casos.

“Sabemos que esses números são subnotificados, pois teríamos que ter mais fiscalização. Ademais, a população, muitas vezes, tem medo de denunciar”.

É possível denunciar situações de trabalho análogas à escravidão e tráfico de pessoas, de forma anônima, inclusive, pelo Disque 100 - Disque Direitos Humanos. Na Paraíba, há também o Disque 123, do governo do Estado.

Imagem

Jhonathan Oliveira

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