COTIDIANO
Pesquisa inédita apresenta novo retrato da reforma agrária no Brasil
Serão anunciados os primeiros resultados obtidos ao longo de mais de dez meses de coleta de dados em assentamentos de todo o país.
Publicado em 21/12/2010 às 19:57
Da assessoria do Incra
Será apresentada na próxima terça-feira (21/12) a mais nova pesquisa sobre qualidade de vida em áreas de reforma agrária no Brasil. A divulgação será feita pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, durante uma coletiva de imprensa, às 14h, na sede da autarquia fundiária, em Brasília (DF). Serão anunciados os primeiros resultados obtidos ao longo de mais de dez meses de coleta de dados em assentamentos de todo o país.
O trabalho intitulado "Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos de Reforma Agrária do Brasil", coordenado pelo Incra com a consultoria de pesquisadores das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Pelotas (UFPel), foi realizado entre os meses de janeiro e outubro deste ano e reúne informações relacionadas às condições de vida de 805 mil famílias assentadas no país.
No projeto, que enfocou aspectos socioeconômicos e ambientais, foram visitados 1.164 assentamentos. Os dados obtidos irão compor um conjunto de indicadores que darão suporte ao planejamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da reforma agrária nos próximos anos. "Essa pesquisa é um importante instrumento de gestão. Ela nos oferece um conjunto de dados, que sinaliza necessidades e aponta ações bem sucedidas, orientando investimentos e o desenvolvimento das políticas públicas", analisou Hackbart.
Segundo o presidente, as informações da pesquisa também favorecem uma melhor avaliação do alcance e da eficácia dos trabalhos executados pela autarquia, facilitando, ainda, a prestação de contas perante a sociedade. "Além de contribuir muito com a gestão, auxiliando na análise dos resultados das políticas públicas, esse trabalho também é uma forma de prestar contas das ações do Incra. É, sem dúvida, uma iniciativa que fortalece ainda mais a relação de transparência que a autarquia faz questão de manter com a sociedade", afirmou.
Metodologia
Baseada em um questionário aplicado a 16.153 famílias, a Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos do Brasil abordou 14 temas, reunindo centenas de indicadores sobre o desenvolvimento da reforma agrária no país.
Para a execução do trabalho foram selecionadas áreas de reforma agrária implantadas pelo Incra entre 1985 e 2008, sendo considerados também elementos como o tamanho, a idade e a localização geográfica dos assentamentos (com base nas mesorregiões homogêneas classificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE).
"A amostragem da pesquisa considerou o tempo de criação dos assentamentos como um item fundamental, porque, em geral, isso tende a influenciar no seu nível de desenvolvimento. O tamanho das áreas e a sua distribuição nas mesorregiões identificadas pelo IBGE também são fatores que nos ajudaram a apurar o trabalho, para dar a essa pesquisa a maior representatividade possível", explicou César Aldrighi, coordenador geral da pesquisa e do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra.
De acordo com o professor doutor Lúcio André Fernandes, da UFPel, a pesquisa, inédita nos moldes em que foi estruturada, apresenta números com índice de confiança de 95% (e margem de erro de 3%). Segundo ele, o trabalho apurou a visão e o nível de satisfação dos agricultores entrevistados, traçando, com dados nacionais e regionais, um retrato amplo e atual sobre a reforma agrária no Brasil. "É uma pesquisa abrangente e que procurou apresentar também o que pensam os assentados sobre as políticas públicas nos assentamentos. Um trabalho que tem representatividade e que oferece um retrato atualizado da reforma agrária no país", analisou.
Todas as informações da pesquisa poderão ser acessadas via internet por qualquer cidadão, por meio de um link que será disponibilizado no Portal do Incra (www.incra.gov.br).
Outras pesquisas
Além da pesquisa realizada pelo Incra, diversos outros levantamentos, divulgados a partir da década de 90, também abordaram a realidade das áreas de reforma agrária do país. Os censos da Reforma Agrária do Brasil (promovido por uma parceria entre Incra e 29 universidades públicas, em 1996) e Agropecuário (realizado pelo IBGE, em 2006), identificaram o número de famílias assentadas em todo o país, apresentando também alguns indicadores sobre renda, produção agropecuária e as condições de vida nas áreas de reforma agrária.
Outro estudo, fruto de uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do próprio Incra, apurou, em 2003, cinco índices para medir o impacto das políticas públicas implantadas nas áreas de reforma agrária do país. A pesquisa, coordenada pelo Professor Gerd Sparovek, da Universidade de São Paulo (USP), entrevistou 14.414 famílias que vivem em assentamentos implantados pelo Incra entre 1985 e 2001.
O trabalho, que também contou com o apoio do IBGE e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), levantou dados relacionados a um universo de mais de 438 mil famílias.
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