PMs cobram taxa para fazer segurança

Moradores da zona rural da região do Agreste paraibano denunciaram ontem que estariam tendo que pagar uma ‘taxa’ a policiais militares para garantirem a realização de rondas e o combate à criminalidade.

A denúncia partiu de pessoas residentes no sítio Tigre, localizado entre os municípios de Massaranduba e Serra Redonda. Segundo eles, aposentados e donos de residências pagariam entre R$ 10,00 e R$ 20,00 para que os policiais garantissem a segurança na área.

No sítio é grande o clima de insegurança e muitas famílias que moravam há anos na comunidade estão deixando as casas, com medo da violência. Os assaltos e as ações de criminosos são frequentes, conforme os moradores. Um deles, que pediu à reportagem do JORNAL DA PARAIBA para não ter o nome divulgado, disse que os militares passaram na sua casa pedindo a ‘contribuição’.

“E aí eu disse que não daria. Mas muita gente daqui tem pagado esse dinheiro. Eles não faziam rondas e agora começaram a passar, pelo menos uma vez por noite. Tem aposentado que paga vinte, outros dão quinze. E isso é uma coisa irregular, porque eles já recebem para fazer as rondas e garantir a segurança”, contou Adriano Augusto (nome fictício).

Ontem à tarde a reportagem do JORNAL DA PARAIBA esteve na comunidade e conversou com várias famílias. Mesmo com medo, alguns moradores confirmaram os pagamentos mas preferiram não dar mais detalhes com medo de represálias.

“Aqui o clima de insegurança é constante. E está melhor agora, depois que eles começaram a fazer essas rondas. Antes os bandidos não davam sossego e era assalto todo dia”, relatou um outro morador da comunidade.

Em Serra Redonda, no fim do mês passado, bandidos atacaram a cidade e explodiram em uma única madrugada duas agências bancárias, pertencentes ao Banco do Brasil e ao Bradesco. A ação teria sido praticada por pelo menos 15 bandidos fortemente armados, que fugiram em três veículos sem deixar pistas.

O bando fugiu utilizando a rodovia estadual PB-095, que liga as cidades de Massaranduba e Campina Grande. Eles ainda colocaram grampos na pista para furar os pneus das viaturas policiais. Policiais militares e civis fizeram buscas na região, mas não conseguiram encontrar nenhum suspeito. Até agora, a polícia possui poucas pistas sobre a quadrilha e não conseguiu prender nenhum de seus integrantes.

Sobre a denúncia feita pelos moradores da zona rural, da existência da possível cobrança indevida por parte de policiais militares, o comandante do Policiamento da Região 1 (CPR1), coronel Wolgrand Pinto, informou que vai apurar o caso.

Ele disse, porém, que os moradores precisam procurar os comandos dos batalhões em Campina Grande e Itabaiana, para formalizar as denúncias.

“Vamos designar um oficial para fazer os levantamentos e verificar se a denúncia procede ou não, porque não admitimos que isso ocorra. E a gente pede a colaboração da população, que denuncie ao comando caso esse tipo de prática esteja acontecendo. Caso seja verificada a procedência, nós de imediato abrimos um procedimento para que seja feita a apuração”, adiantou Wolgrand Pinto.