COTIDIANO
Polícia não vê falhas de segurança em recinto de leoa onde jovem morreu na Bica
Segundo a delegada Josenise Andrade, que faz as investigações iniciais do caso, não houve falhas de segurança e, sim, uma atipicidade do jovem.
Publicado em 04/12/2025 às 18:00 | Atualizado em 04/12/2025 às 18:29

A Polícia Civil não enxergou falhas de segurança no recinto do Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, onde o jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu após entrar e ser atacado por uma leoa. As informações foram confirmadas pela delegada Josenise Andrade, que faz as investigações preliminares do caso.
Josenise informou que enxerga que não houve falhas, pois considera o ocorrido como um fato atípico e que as informações preliminares que recebeu dão conta de que o recinto da leoa obedece a todos os critérios técnicos.
Conforme a delegada, ela é responsável pelo primeiro momento do inquérito sobre o caso, pois esteve presente no plantão da polícia no domingo (30), dia da morte do jovem. Por isso, ela preliminarmente solicitou exames de perícia no recinto da leoa e no corpo de Gerson de Melo. Foi informado também que ela solicitou imagens de câmeras de segurança no local.
No entanto, como o caso não se trata de um homicídio e a delegacia dela cobre os casos de assassinatos, o inquérito deve ser remetido para a Superintendência da Polícia Civil no estado, que define a nova delegacia para encaminhar o inquérito.
A delegada disse que, comumente, casos assim são remetidos para delegacias distritais. Se for o caso, o inquérito deve ficar sob a responsabilidade de 2ª Delegacia Distrital de João Pessoa, localizada no Centro.
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Investigação do Ministério Público

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) informou que tem dois procedimentos abertos que investigam o caso, o primeiro sobre possíveis irregularidades apontadas em relatório da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e o segundo sobre as condutas que estão sendo adotadas por diversos órgãos da administração municipal e também da área ambiental.
Em relação ao primeiro inquérito, o MP quer informações sobre as seguintes irregularidades apontadas por relatórios:
- Rede de esgoto com tubulações antigas, sem planejamento de manutenção;
- Infiltrações severas;
- Perda de pressão hídrica por estruturas degradadas;
- Canal com resíduos sólidos, possivelmente de ligações clandestinas;
- Armazenamento de resíduos a céu aberto, sem impermeabilização;
- Manejo inadequado de resíduos infectantes do ambulatório;
- Depósitos irregulares de lixo no interior do parque;
- Falta de controle eficaz da entrada de resíduos da comunidade vizinha.
Em relação aos animais, o levantamento de informações da Sudema também constatou algumas supostas irregularidades, entre elas:
- Falhas graves na marcação individual dos animais;
- Ausência de microchipagem obrigatória para determinadas espécies;
- Registros inconsistentes no Sisfauna (Sistema Nacional de Gestão da Fauna Selvagem);
- Sem atualização de nascimentos, óbitos, furtos e abates desde fevereiro deste ano.
O segundo procedimento é a apuração para que seja esclarecido pelo parque como acontece e quais os padrões técnicos adotados para segurança aplicados ao recinto e ao manejo de fauna silvestre em cativeiro. O MP quer saber também se foram realizados exames médicos no animal, antes e depois da morte do jovem. Foi solicitado o anexo de eventuais relatórios médicos que corroborem esse acompanhamento.
A morte de Gerson no recinto da leoa
Um vídeo mostra o momento em que Gerson entrou no recinto de uma leoa no zoológico Parque Arruda Câmara, neste domingo (30). O animal reage e o homem acaba morrendo em decorrência dos ferimentos. As imagens, que circulam nas redes sociais, registram inclusive o ataque do animal ao invasor.
No vídeo é possível observar Gerson subindo por uma estrutura lateral da jaula, e, em seguida, ele usa a árvore do recinto da leoa como apoio para entrar no espaço. Logo após, é atacado pelo animal.

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