COTIDIANO
Policiais que acobertavam acusado estão na berlinda
Sobrinho de policial assassinado em 2007 é preso apontado como principal suspeito de cometer uma série de homicídios em CG.
Publicado em 28/12/2011 às 6:30
O sobrinho de um policial civil morto em 2007 foi preso em Campina Grande após ter sido apontado como o responsável por uma série de assassinatos no bairro da Catingueira, um dos mais violentos da cidade. Foi durante a operação ‘Pistola de Prata’, deflagrada na última segunda para prender Danilo de Sousa Chagas, de 24 anos. A polícia investiga denúncias de que ele contaria com o apoio de policiais e agentes penitenciários, que integrariam um grupo responsável pelos assassinatos.
De acordo com denúncias, os servidores acobertavam os crimes e integravam uma rede de proteção que evitava agressões e represálias contra o acusado. A delegada Cassandra Duarte não revelou quantos agentes e policiais integrariam o bando, mas garantiu que todos os indícios serão apurados com rigor.
“As informações dão conta de que ele vivia rodeado de policiais e agentes que lhe davam cobertura e que por isso não havia uma postura repressiva contra ele”, disse Cassandra Duarte.
O comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande, coronel João da Mata, informou que ainda não foi notificado sobre as denúncias. “Só nos compete apurar o fato quando envolve o militar em exercício. No caso em que ele atua à paisana, fica sob responsabilidade da Polícia Civil concluir as investigações. Depois da conclusão e da denúncia oferecida pelo Ministério Público, aí sim a gente inicia o processo”, explicou. Já o delegado regional da Polícia Civil no município, Wagner Dorta, adiantou que a determinação é para que todas as informações sejam apuradas, independente do envolvimento de membros da instituição.
A Delegacia de Homicídios já confirmou a participação de Danilo Chagas em duas mortes, mas há denúncias que ligam Danilo a um total de dez assassinatos cometidos entre 2010 e 2011. A arma usada por ele para aterrorizar as vítimas foi a principal pista que levou a polícia a confirmar a autoria dos crimes, já que Danilo era temido no bairro por ostentar na cintura uma pistola calibre 380, cromada. Com o acusado, a polícia também apreendeu uma espingarda calibre 44 e munição.
“Além de prender o acusado, a operação tinha o objetivo de resgatar a arma para que seja usada como prova técnica e ajudar a elucidar outros crimes atribuídos a ele.”, explicou a delegada Cassandra Duarte, titular da Delegacia de Homicídios de Campina. “Temos comprovados dois homicídios cometidos por ele e denúncias de mais de 10 homicídios que estamos investigando”, disse.
Segundo a polícia, há provas de que Danilo teria matado duas pessoas em novembro deste ano no bairro da Catingueira. As investigações apontam que um desses crimes foi cometido para vingar a morte do agente da polícia civil Ariosvaldo Pereira das Chagas, morto aos 49 anos em janeiro de 2007, com um tiro no pescoço. Ele era tio de Danilo Chagas. A vítima foi o mototaxista José Leandro Oliveira, 20 anos, morto com quatro tiros de pistola 380 no dia 25 de novembro. Ele era irmão de um homem conhecido como ‘Batistinha’, apontado como suspeito de participar da morte do policial. Outro irmão de José Leandro e ‘Batistinha’ foi morto há três anos, mas a autoria do crime continua desconhecida.
Menos de 24h após a morte do mototaxista, Danilo Chagas teria cometido outro assassinato, dessa vez contra um rapaz identificado como Flávio e com quem ele tinha uma rixa.
“Toda vez que ele tinha um conflito com alguém decidia matar.
Primeiro, ele ameaçava e avisava à vítima que pretendia cometer o crime, depois executava”, afirmou a delegada.
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