COTIDIANO
Promotoria relata situação preocupante no CEA
Com inúmeras deficiências CEA e CEJ não cumprem papel de ressocialização conforme relata Promotor da Infância e Juventude.
Publicado em 27/11/2011 às 15:00
Atualmente, o Centro Educacional do Adolescente (CEA) e Centro Educacional do Jovem (CEJ) abrigam juntos 285 adolescentes em conflito com a lei. A missão destas instituições seria ressocializar estes jovens e oferecer capacitação profissional, porém o promotor da Infância e Juventude, Manoel Cacimiro, afirmou que a situação nestas instituições é preocupante, havendo deficiência em estrutura e na concessão dos direitos dos internos.
Ele afirma que aulas da educação básica são ministradas apenas duas vezes por semana e existe a carência de oficinas de capacitação e de profissionalização. Além disso, o espaço dispõe de apenas uma quadra esportiva liberada para que os garotos possam se divertir, mas sem o acompanhamento de um profissional. "Os atendimentos médicos e odontológicos realizados no interior do CEA e CEJ também deixam muito a desejar", disse. Conforme o promotor, apenas um dentista atende a todos os internos durante um dia por semana em cada instituição.
“Existe carência na estrutura física e no cumprimento de alguns direitos que são necessários para a não incidência nas práticas criminais. Há também deficiência na educação, no atendimento médico, odontológico e atividades de cultura e lazer. Com isso não existem condições para que o adolescente saia da instituição ressocializado, com uma profissão. Eles saem totalmente desnorteados e a grande maioria volta a praticar delitos. O que está sendo feito é o que a sociedade quer: que estes adolescentes sejam retirados do convívio social até que 'paguem' por seus delitos,” afirmou o promotor.
A instituição também não dispõe de um programa de alfabetização. “Muitos adolescentes entram no CEA e no CEJ sem saber ler e escrever e saem do mesmo jeito porque não existe nenhuma oportunidade para que eles possam aprender,” completou o promotor, acrescentando que a profissionalização no interior das instituições é praticamente inexistente.
Reflexos
O reflexo da falta de ressocialização destes adolescentes são jovens que na maioria das vezes reincidem no crime e são assassinados poucos dias após sair da instituição. Conforme Manoel Cacimiro, também não existe no CEA e CEJ um programa para atender os adolescentes que são dependentes químicos. O drama destes garotos é vivenciado por família e amigos.
“Dei muitos conselhos para que ele saísse das drogas, mas ele não me deu ouvido e acabou sendo assassinado por causa dessa maldita droga", disse um pai que preferiu não se identificar e teve o seu filho assassinado no dia 14 de novembro. O adolescente de 14 anos havia sido liberado do CEA há cinco dias e foi assassinado a poucos metros de casa. A suspeita é que o crime tenha sido motivado por acerto de contas.
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