icon search
icon search
home icon Home > cotidiano
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

COTIDIANO

Protetores improvisam abrigos para acolher animais de rua que sofrem com o frio

Por não conseguirem acolher em casa todos os animais em situação de vulnerabilidade, os protetores improvisam pontos com ração e água para que cães e gatos possam encontrar abrigo nas ruas durante meses com baixa temperatura na cidade.

Publicado em 27/07/2021 às 8:12 | Atualizado em 27/07/2021 às 9:49


                                        
                                            Protetores improvisam abrigos para acolher animais de rua que sofrem com o frio

				
					Protetores improvisam abrigos para acolher animais de rua que sofrem com o frio
Cuidar dos animais em situação de rua é, segundo Marisete, muito gratificante: “a todo momento recebemos o retorno deles. Eles têm uma maneira especial de agradecer a gente”, afirma / Foto: Arquivo Pessoal.

Visando a melhoria na qualidade de vida para os animais em situação de rua, alguns protetores dedicam a vida para ajudar a causa animal, em Campina Grande, no Agreste da Paraíba. Esse suporte se torna mais necessário quando acontece a baixa da temperatura no Estado, de maio a julho. Alguns protetores, mesmo sabendo que não conseguem acolher uma grande quantidade de animais em casa, desenvolvem ferramentas para que, mesmo de longe, possam levar alívio para cães e gatos em situação de vulnerabilidade.

Além do período frio nessa época do ano na cidade, a situação dos animais é ainda mais preocupante durante a pandemia. É o que apontam dados levantados pelo Centro de Controle de Zoonoses de Campina Grande, que revelam que houve uma crescente no número de abandono de cães e gatos desde o início da disseminação da Covid-19 no município e, por consequência, um número menor de adoções.

De acordo com os dados disponibilizados pela coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Campina Grande, Aretusa Nascimento, no período de janeiro a junho de 2019, antes da pandemia, haviam 1.141 animais resgatados para 418 adoções. Ao analisar o mesmo período, porém em 2021, durante a pandemia, apenas 358 adoções foram registradas de um total de 1.255 animais resgatados.

Muitos desses animais já nasceram em situação de rua, outros foram deixados por seus ex-tutores e encontraram acolhimento em um espaço voltado para a sua proteção. Porém, nem todos os animais que são abandonados, ou que nasceram em situação de vulnerabilidade, conseguem encontrar um lar provisório ou um abrigo para se protegerem de mudanças climáticas, por exemplo.

Conforme a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), as chuvas tendem a aumentar no Estado em dois períodos do ano: de fevereiro a maio, nas regiões do Alto Sertão, Sertão, Cariri e Curimataú e de abril a julho no Agreste, Brejo e Litoral. Nestes períodos de baixa temperatura, os animais que estão em situação de vulnerabilidade ficam em lugares molhados por falta de abrigo e esses fatores podem ser determinantes para a aparição de doenças.

“Além da umidade ser um forte transmissor doenças virais aos 'pets', a baixa temperatura pode influenciar na baixa do sistema imunológico e, consequentemente, acarretar em doenças do trato respiratório como, por exemplo, as popularmente conhecidas ‘gripe dos canis’ ou a ‘rinotraqueíte felina’”, explica o médico veterinário Mateus Moraes.

Pensando em proteger cães e gatos do frio, do sol e da fome, algumas protetoras de Campina Grande criaram ferramentas para minimizar o sofrimento dos animais como, por exemplo, casas de alvenaria na calçada de casa e porta alimentos. O objetivo, segundo elas, é conseguir cuidar do maior número de animais possível.

Entre essas protetoras está Marisete Sousa, de 58 anos, que atualmente cuida de 18 cachorros. Ela conta que já entendeu que não é possível abrigar todos os bichos em situação de rua na casa dela, mas que tem como proporcionar o bem-estar dos que precisam de assistência, criando ferramentas para que, mesmo que de longe, ajudem a diminuir o sofrimento dos animais.

Marisete e o marido, Lucas Martins, também de 58 anos, construíram um abrigo de alvenaria na calçada de casa que decidiram chamar carinhosamente de “cãodomínio”, a fim de criar um espaço onde os animais pudessem ficar sem precisarem se preocupar com as mudanças climáticas. “Nós não temos como abrigar todos os animais em casa e [criar um abrigo na calçada] foi uma forma que encontramos de amenizar o sofrimento deles”, diz.

Cuidar dos animais em situação de rua é, segundo Marisete, muito gratificante: “a todo momento recebemos o retorno deles. Eles têm uma maneira especial de agradecer a gente”, afirma. A protetora comenta ainda que é grata por contar com a ajuda do marido na luta pelo bem-estar animal, “sem ele eu não teria como cuidar de tantos animais”, finaliza.

Pensando também em diminuir a fome dos animais em situação de rua, a protetora Angélica Catarine, de 27 anos, montou na frente da casa dela um “comedouro”. A estrutura foi construída com dois canos de PVC, um com ração e outro com água, para que cães e gatos possam se alimentar ao passar pela rua. Angélica diz que é maravilhoso poder repor todos os dias o alimento dos animais. Para ela não há dificuldade, é mais gratificante do que cansativo.


				
					Protetores improvisam abrigos para acolher animais de rua que sofrem com o frio
"Comedouro”: a estrutura foi construída com dois canos de PVC, um com ração e outro com água, para que cães e gatos possam se alimentar ao passar pela rua. / Foto: Arquivo Pessoal.

“Eu entendo que todos podem ajudar de alguma forma, seja apadrinhando um animal, ajudando alguma ONG, doando ração para protetores independentes que estão super lotados de animais, mas que não recebem a ajuda de ninguém, ou até mesmo em divulgar quando tem algum animal perdido. Eu vejo que muita gente sente pena quando vê um animal de rua, mas a sua pena não vai mudar a vida daquele animal que já sofre fome e frio nas ruas”, salienta Angélica.

Animais domésticos também podem sofrer com o frio e por falta de cuidados

O sofrimento que os animais passam por causa das baixas temperaturas associadas com as chuvas não é uma exclusividade para os cães e gatos que vivem em situação de rua. Os pets que estão em um ambiente doméstico também passam por problemas semelhantes aos que não têm abrigo, como destaca o médico veterinário Mateus: “as baixas temperaturas podem afetar diretamente no sistema imunológico, consequentemente se os pet’s, mesmo que dentro de suas casas, fiquem expostos às chuvas, ao frio e ambientes úmidos os animais estarão suscetíveis a contrair doenças”.

O veterinário ainda fala sobre como é importante abrigar os animais dentro de casa, ou em ambientes secos, porque, mesmo estando longe das ruas, alguns animais vivem amarrados em lugares onde ficam expostos às mudanças climáticas. “Infelizmente já não são felizes em não terem uma vida saudável, não possuem nutrição adequada, protocolos vacinais, cuidados médicos. Tudo isso já é muito triste e difícil de lidar”, enfatiza. “O pouco que pudermos ajudar com abrigo nestes tempos chuvosos, com certeza, já será de muita ajuda aos animais", complementa Mateus.

Abandono de animais é crime no Brasil

O abandono é uma forma de maus-tratos, crime que está tipificado, no Brasil, segundo a nova Lei Federal nº 14.064/20, que altera a Lei nº 9.605/1998 e aumentando a pena de detenção para até cinco anos para crimes de maus-tratos a cães e gatos.

Imagem

João Alfredo Motta

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp