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COTIDIANO

Sexo em troca de aparelho celular

Operação da PRF encomendada pelo Ministério Público do Trabalho, identifica pontos de prostituição infantil na Paraíba.

Publicado em 01/06/2012 às 6:30


A Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou três adolescentes de 14, 15 e 16 anos em situação de exploração sexual para fins comerciais durante a operação ‘Mitang II’. A operação aconteceu entre os dias 7 e 11 de maio deste ano e foi encomendada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Na tarde de ontem, durante coletiva de imprensa no auditório do MPT na capital, foram apresentados os resultados obtidos pela PRF.

Na ocasião, foram exibidos dois vídeos nos quais constavam os flagrantes de prostituição identificados na ‘Mitang II’. No primeiro vídeo, a adolescente de 14 anos encontrada na BR- 101 contou aos policiais da PRF que costuma cobrar R$ 20,00 por serviços sexuais e que já ganhou celulares em troca de sexo. “Ela disse que estuda pela manhã e se prostitui no período da tarde. Ela ainda comentou que, se a viatura tivesse chegado mais cedo, teria encontrado outras meninas na mesma situação”, afirmou Eduardo Varandas, promotor-chefe do Trabalho na Paraíba.

No segundo vídeo, um policial à paisana conversou com duas jovens na orla de Manaíra. Nas imagens, uma das adolescentes disse que cobraria R$ 50,00 para sair com o policial e afirmou a ciência dos pais com relação à profissão que exerce. Para a superintendente da PRF, Luciana da Silva, existe uma inversão de valores nesses casos. “Existe um fator cultural. Se não há assistência às famílias ou a essas pessoas, eles acham que não tem outra alternativa na vida, acham normal”, comentou.

Eduardo Varandas, citou o caso do adolescente travesti de 13 anos, identificado durante a operação ‘Mitang I’. “Ele foi levado várias vezes e retornou várias vezes às ruas. Se for para apontar culpados em casos de exploração, eu diria que são a fome, a miséria, o descaso. O MP detecta os delitos e denuncia, mas não administra as ações depois daí. O Brasil está emergindo na esfera mundial, mas, ao meu ver, vivemos em um país que vende carne de criança a céu aberto sob os olhos cerrados dos governantes”, afirmou.

Para Aparecida Ramos, secretária de Desenvolvimento Humano da Paraíba, são necessárias ações de convencimento cultural da população, através da mídia, e inclusão produtiva das famílias em situação vulnerável. “A assistência é feita pelo Município e acompanhada pelo Estado, através dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Está em nossos planos intensificar o combate à exploração com escolas integrais e cursos profissionalizantes, por exemplo”, disse.

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Jornal da Paraíba

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