COTIDIANO
Tropas de Israel deixam faixa de Gaza; Hamas retoma o controle
Israel começou retirada gradual do território palestino. Ataques provocaram mais de 1.300 mortes ao longo de 22 dias.
Publicado em 19/01/2009 às 8:12
Do G1
As forças policiais do movimento islâmico palestino Hamas retomaram nesta segunda-feira (19) o controle na Faixa de Gaza, enquanto as tropas israelenses continuam sua retirada gradual depois do cessar-fogo anunciado durante o fim de semana.
Dúzias de agentes da Polícia do Hamas, que foram alvo das tropas israelenses durante as últimas três semanas, retornaram às ruas principais da Cidade de Gaza, onde tentavam organizar o trânsito.
Desde que Israel começou um cessar-fogo no sábado, e as milícias palestinas horas depois anunciaram o seu, as ruas da cidade estão repletas de gente que, após semanas de clausura, pôde sair finalmente para visitar seus familiares, avaliar os danos e começar a retornar à normalidade.
Segundo o Ministério da Saúde, os mortos são maiss de 1.300, e os feridos superam os 5.500. Do lado israelense, ao menos 14 pessoas morreram.
O Ministério da Habitação da região informou que 4.000 casas foram totalmente destruídas e 20 mil foram danificadas.
Além da polícia, os ministérios e instituições públicas começaram também a voltar ao trabalho.
"Apesar de o ministro do Interior, Said Siam, ter sido assassinado durante a guerra, o ministério continua seu trabalho com base em um plano de segurança que ele aprovou", declarou aos jornalistas Ihab al-Ghusein, porta-voz desse Ministério em Gaza.
O Interior trabalhará para manter e proteger a frente interna palestina, porque isso ajudará a apoiar a resistência armada contra as agressões.
Cantando vitória - Apesar das pesadas baixas e da destruição da infra-estrutura, líderes do Hamas continuaram "cantando vitória" sobre Israel nesta segunda.
O líder máximo do Hamas em Gaza, Ismael Haniyeh, assegurou no domingo em mensagem televisada que considerou o cessar-fogo um "triunfo" que "tem que abrir uma porta para o diálogo e a reconciliação interna".
"O inimigo fracassou em atingir seus objetivos", disse. Embora tenha chamado a guerra de "vitória popular" para os palestinos, Haniyeh disse que a decisão do Hamas de declarar uma trégua no domingo foi "sábia e responsável".
Apesar da trégua, no norte de Gaza foram registrados combates entre os poucos milicianos que ainda não aceitaram o cessar-fogo e as tropas israelenses que continuam no território, segundo cadeias de rádio locais.
A maior parte das facções palestinas e seus braços armados aceitaram responder o cessar-fogo unilateral de Israel com uma cessação das hostilidades durante uma semana. Mas alguns grupos, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), rejeitaram deixar de lutar antes que as tropas israelenses abandonem totalmente seu território.
O Hamas afirmou que perdeu apenas 48 combatentes durante as três semanas da ofensiva.
"Nós anunciamos ao nosso povo o martírio de 48 combatentes do Qassam", disse Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezzedin Al-Qassam, o braço armado do Hamas. Israel afirma ter matado mais de 500 ativistas do Hamas durante a ofensiva.
O porta-voz também afirmou que a capacidade do Hamas para lançar foguetes contra Israel não diminuiu durante a ofensiva do Exército israelense, que tinha como objetivo acabar com os disparos destes projéteis.
"Nosso arsenal de foguetes não foi afetado e continuamos disparando durante a guerra, sem interrupção. Continuamos em condições de disparar e graças a Deus nossos foguetes atingirão outros alvos em Israel", disse Obeida.
O movimento também disse que tem condições para se rearmar. "Façam o que quiserem. Manufaturar armas divinas é nossa missão, e nós sabemos como adquirir armas", disse Abu Ubaida, porta-voz do braço armado do Hamas.
Diplomacia - Os líderes árabes deram início nesta segunda-feira no Kuwait a uma reunião de cúpula para discutir o resultado da ofensiva israelense em Gaza, a reconstrução dos territórios palestinos e a cooperação econômica árabe.
A reunião tem a presença de 17 dos 22 países membros da Liga Árabe, incluindo o presidente sírio Bashar al-Assad, o egípcio Hosni Mubarak, o rei Abdullah da Arábia Saudita e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
O encontro de dois dias começou no palácio dos hóspedes, Bayan Palace.
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