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VIDA URBANA

Mulheres são vítimas de violência e abusos sexuais dentro da UFPB

Relatos incluem casos de agressões físicas, assédio moral e estupros.

Publicado em 24/07/2016 às 7:00

Casos em que mulheres são assediadas sexualmente em festas que acontecem dentro dos portões da universidade; homens que agridem, fisicamente, mulheres, ao menor descontentamento; e, por fim, servidoras da própria instituição que são vítimas de assédio moral por parte de seus chefes. Todos esses são casos que acontecem dentro da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mostrando que a cultura do estupro vai bem além do ato do estupro: são ações que ocorrem diariamente e mostram o quanto a sociedade ainda é extremamente machista, mesmo dentro de uma instituição que, teoricamente, prega a cidadania.

"Frequento as festas de lá, então já aconteceram alguns casos. Todos de assédio sexual - bebi bastante e se aproveitaram da minha embriaguez", conta Raissa Vieira (nome fictício para preservar a identidade da vítima). "No último, eu desmaiei depois de passar uma tarde bebendo e acordei com um 'fera' da minha turma beijando. Eu tava deitada porque tinha desmaiado e, quando vi, ele estava em cima de mim", relata. "E o mais o louco, sinceramente, é que eu sofri essas violências na frente de várias pessoas, inclusive de amigos. E os cara geralmente saem impunes - tanto pelo nosso medo de denunciar e sofrer represália quanto pela falta de apoio que rola às vezes", completa.

O caso de Raíssa é apenas um dos vários que acontecem, diariamente, na UFPB. Embora os casos sejam frequentes e muitos dizerem que é impossível não conhecer ao menos um relato de mulher que sofreu agressão física, foi perseguida, ou sexualmente agredida, o fato é que a cultura do estupro faz vítimas que preferem continuar anônimas, principalmente pelo medo da represália da própria sociedade - para elas, o maior vilão da história é o machismo que continua impregnado na cultura paraibana. Todas as personagens entrevistadas para a matéria preferiram manter sua identidade em sigilo, "para evitar perseguições".

Já Ângela Oliveira (nome fictício para preservar a identidade da vítima) foi vítima de uma agressão física, também em meio a uma festa que ocorria no Centro de Vivências da UFPB. "No ano passado, o centro acadêmico do qual eu participo fez uma festa de encerramento de período no Centro de Viências. Houve alguns problemas em relação à segurança, pois devido à grande quantidade de pessoas, os guardas da universidade, em certa hora, se abstiveram de realizar a segurança, deixando o ambiente extremamente perigoso".

E continua: "Isso fez com que nós, da organização, decidíssemos terminar o evento mais cedo que o programado. Foi nesse momento que aconteceu a agressão". Segundo a estudante, ela e uma amiga, também membro do centro acadêmico, foram até o palco onde o DJ estava se apresentando, pegou o microfone e avisou que o evento estava terminando, por conta da segurança de todos. Nesse momento, um homem moreno, alto e forte, nitidamente alcoolizado interviu, pegando o microfone de sua mão, dizendo a todos que trabalhava na reitoria e que o evento não ia terminar, pois ele tinha autorizado a continuar. Após isso, ela pegou o microfone de volta e reafirmou o fim do evento. Foi nesse momnto, então, que ele lhe deu um soco no rosto e saiu levando o microfone junto. "Até hoje não sabemos o nome do cara e nem se ele realmente trabalhava na reitoria ou se falou aquilo apenas para que o evento continuasse", comenta.

"Fiquei desnorteada na hora. Doeu um bocado, meus ouvidos ficaram zumbindo na hora e, depois, meu maxilar ficou um pouco roxo. Mas acredito que a dor maior tenha sido a sensação de incapacidade, por ser agredida por um homem que eu nem conhecia, numa situação totalmente inusitada. E mesmo que o conhecesse, nada justifica uma agressão!", desabafa Ângela.

Por fim, um outro caso aponta que o machismo está presente, inclusive, nas relações de trabalho estabelecidas dentro da própria universidade. A estudante e servidora da UFPB Patrícia Sousa (nome fictício para preservar a identidade da vítima), após ser nomeada, começou a trabalhar no departamento do seu próprio curso. "No início, ele era meu amigo [seu chefe]. Depois, começou a me pedir para fazer coisas que não eram minha atribuição e, além de tudo, eram coisas erradas, antiéticas. No começo, eu fazia porque ele gritava comigo. As pessoas diziam: 'uma mulher, sozinha, se ele manda você fazer uma coisa é claro que você faz'", conta.

Até que chegou o dia, segundo ela, que a situação ficou insustentável: em uma das discussões, ela não se submeteu às suas ordens e ele a expulsou da sala aos gritos. "A partir daí, se seguiu uma série de episódios", conta. Segundo ela, começou a haver uma perseguição institucional sobre ela, e ela, por sua vez, entrou com processos contra ele na ouvidoria e na gestão de pessoas. Os processos seguem até hoje e, segundo ela, o mesmo professor seria alvo, também, de vários processos de assédio moral e um de assédio sexual.

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Jornal da Paraíba

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