VIDA URBANA
46 cidades da Paraíba não atraem médicos
Das 109 cidades paraibanas que solicitaram profissionais, 46 não receberam sequer um médico, ou seja 42% do total de municípios.
Publicado em 04/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 12:11
A Paraíba foi o quarto Estado da região Nordeste que menos atraiu médicos dentro do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) do Ministério da Saúde (MS). Das 109 cidades que solicitaram profissionais, 46 não receberam sequer um médico, ou seja 42%. Dos 370 profissionais solicitados, 184 foram para 63 municípios.
Os dados foram divulgados ontem pelo Governo Federal. Apesar de ser a maior iniciativa de interiorização de médicos já executada no Brasil, o programa não conseguiu atrair nenhum médico para 41% dos municípios do Nordeste que solicitaram profissionais este ano.
Para o diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Eurípedes Mendonça, a estatística é uma prova de que o que falta aos municípios para atrair profissionais de Saúde é uma infraestrutura mínima que dê condições aos médicos de executarem seu trabalho de forma adequada. Segundo ele, as cidades do interior, em sua maioria, não possuem condições mínimas para atuação médica.
“O médico sozinho não tem como atuar. Ele precisa de equipes, laboratórios, de meios para diagnosticar, que é o que falta nas cidades do interior. A responsabilidade de um médico é grande e ele sabe que sem ter recursos não pode fazer muito. Não é a remuneração, o problema é que falta investimento dos poderes públicos para dotar as pequenas cidades de condições mínimas de atuação profissional. Se houvesse melhor estrutura, os profissionais de Saúde não iriam recusar trabalhar no interior”, ressaltou Eurípedes.
Já na opinião do presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Buba Germano, um dos fatores que levam ao baixo índice de atendimento à demanda do Provab é o valor da bolsa, considerado baixo por muitos profissionais. Além disso, ele vê no programa uma falha com relação à fiscalização do trabalho dos profissionais contratados. “Não há como os municípios fiscalizarem o cumprimento da carga horária, porque o vínculo dos médicos é direto com o Ministério da Saúde”, disse.
Segundo ele, é preciso haver uma reformulação na estrutura do sistema de Saúde brasileiro para resolver o problema da falta de médicos no interior. “Se houvesse uma condicionante de o médico recém-formado ter que prestar pelo menos 2 anos de serviço na atenção básica, já iria melhorar bastante esse cenário”, salientou Buba.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com o secretário de Estado de Saúde para comentar os dados, mas não obteve retorno.
PROVAB
O Provab é uma iniciativa que busca levar atendimento médico a periferias, cidades do interior e áreas remotas, onde a população carente é atendida em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e visa suprir a carência do profissional da atenção básica. Ele prevê que os municípios solicitem ao Ministério da Saúde profissionais e apresentem o déficit de especialistas no setor em sua cidade.
Os médicos, por sua vez, são convidados a escolher a região de sua preferência para atuar por meio do Provab, com bolsa no valor de R$ 8 mil, paga integralmente pelo Ministério da Saúde, e devem cumprir 32 horas semanais de atividades práticas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 8 horas semanais de curso de pós-graduação em Saúde da Família com duração de 12 meses.
Para garantir a qualidade do serviço prestado, a atuação desses profissionais é supervisionada mensalmente por 55 instituições e hospitais de ensino.
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