VIDA URBANA
Após 127 anos da abolição da escravidão, o que comemorar?
Conheça histórias de pessoas que, em pleno século XXI, ainda vivenciam racismo, discriminação e 'senzalas' invisíveis feitas a partir de situações inadmisíveis.
Publicado em 13/05/2015 às 15:00
No terceiro domingo de maio de 1888, a primeira página do Jornal Arauto Parahybano, um "períodico letterario, noticioso e abolicionista", trazia estampado em sua principal página os seguintes dizeres: "Brasil! Livre! Salve! 13 de Maio! Livre!". A notícia, divulgada uma semana após a princesa Isabel ter assinado a Lei Áurea, enchia os negros de esperança de, enfim, ter conquistado a tão sonhada liberdade.
No mesmo exemplar, o jornal trazia a seguinte notícia:
"São sempre expansivas as festas em homenagem a deusa da liberdade! Desde que foi anunciada n’esta capital que o senado approvára em 3ª discussão o projecto da abolição, noticia esta que foi transmitida ao publico pela <<Gazeta da Parahyba>> que distribuiu um boletim e promoveu repentinamente uma passada, que tem estado ella em delírio! Grande passeata popular estava em frente à typografia da “Gazeta”, quando chegou a tribuna o dr. Bernardino que, com sua palavra fácil e poderosa, falou em nome da mesma folha, tendo a satisfação de dizer que a festa <<Gazeta>> era à deusa –liberdade- frenéticos vivas foram respondidos"
Passados 127 anos, no entanto, nesta quarta-feira, não há festa. O JORNAL DA PARAÍBA traz, em matéria especial, relatos de quem, em pleno século XXI, ainda vive enclausurado. Se abriram as portas das senzalas, continuam existindo os muros das prisões. Prisões invisíveis, feitas de palavras hostis e olhares atravessados de uma sociedade que, mesmo em sua maioria negra, insiste em se manter racista e discriminatória.
Comentários