VIDA URBANA
Após problemas em Noronha, navio desvia rota e atraca em JP
Navio chegou a João Pessoa com 600 turistas revoltados. Pier e plataforma de desembarque em Fernando de Noronha foram danificados e rota precisou ser desviada.
Publicado em 20/12/2009 às 10:35
Phelipe Caldas
O navio Oriente Queen atracou na manhã deste domingo (20) em João Pessoa com mais de 600 turistas a bordo, mas pelo menos desta vez a chegada à Capital paraibana não foi bem recebida pelos visitantes. Isto porque a embarcação vinha de Fortaleza com destino ao arquipélago de Fernando de Noronha, mas a danificação pelo mar do pier e da plataforma de desembarque na ilha impediu que o navio chegasse até seu destino. Para piorar, os turistas agora denunciam que os responsáveis pela viagem sabiam desde a última quinta-feira (17) do problema em Fernando de Noronha, mas teriam boicotado a informação aos passageiros e insistido na viagem mesmo sabendo da impossibilidade de parar no local.
A professora gaúcha Ana Paula Fraga, por exemplo, de dentro do navio entrou em contato com a redação do Paraíba1 para falar sobre o que tinha acontecido. Ela disse que veio do Rio Grande do Sul para fazer o cruzeiro pelo Nordeste e que embarcou no Oriente Queen na quinta, em Fortaleza. Ela diz ainda que a previsão era chegar em Fernando de Noronha no sábado, o que de fato aconteceu, mas que ninguém foi autorizado a desembarcar por causa dos problemas provocados na ilha.
“A versão oficial era de que ondas altas tinham destruído o pier de Fernando de Noronha e que só ao chegar no local é que os responsáveis pelo cruzeiro souberam do problema. Acontece que acessei a internet a bordo e descobri que desde quinta a imprensa nacional alardeia que nenhuma embarcação está autorizada a aportar na ilha. A verdade é que eles já sabiam do problema, mas não tiveram a decência de nos informar nada”, critica a professora.
Swell gigante danifica píer em Noronha (leia uma das matérias citadas pela professora, publicada no site Rico Surf em 18 de dezembro)
Ainda de acordo com Ana Paula, a frustração é maior porque sente que foi traída pelos responsáveis pela viagem, que segunda ela deveria ter sido mais honestos com todos a bordo. “Não acredito que eles não sabiam do problema. Que não houve nenhum tipo de comunicação entre os comandantes do cruzeiro e as pessoas em terra firme no porto de Fernando de Noronha”, frisou.
Outro tripulante que se dizia indignado era o bombeiro militar Tiago Araújo, que ao lado da esposa Charlene comemorava o primeiro ano de casado. Ele disse que foram feitos de “palhaços” e que em nenhum momento os responsáveis pela viagem passaram as informações em tempo real do que realmente acontecia no arquipélago. “Eles deveriam ter dito o que estava acontecendo, mas com medo de ter algum tipo de prejuízo preferiram desrespeitar seus clientes”, lamentou.
Ele enfatiza que o “prejuízo emocional” é o mais grave, porque todos a bordo tinham algum motivo específico para comemorar e acabaram frustrados ao não conseguir aportar onde deveriam. Tiago diz ainda que é natural de João Pessoa, o que torna o problema ainda mais grave para ele. “Saí de João Pessoa para conhecer outras partes do Nordeste e acabei desembarcando na minha própria cidade”, reclama.
Para Tiago, contudo, a parada em João Pessoa é mais uma estratégia dos responsáveis pelo cruzeiro para não terem nenhum tipo de problema jurídico. “O pacote dizia que a viagem duraria seis dias, mas só se passaram cinco até agora. Então eles estão aqui apenas protelando antes de chegar em Recife no dia programado”, sugere.
A reportagem tentou entrar em contato com a CVC, responsável pela venda dos pacotes turísticos do cruzeiro, mas não conseguiu falar com ninguém que pudesse responder em nome da empresa.
Entenda o cruzeiro
O Oriente Queen saiu de Recife na terça-feira (15). Passou por Natal e Fortaleza, antes de partir para Fernando de Noronha. A viagem para a ilha começou na quinta-feira (17), dia em que o pier e a plataforma já estavam destruídas. Os turistas deveriam ter desembarcado em Fernando de Noronha no sábado (19), deveriam passar um dia e meio em terra firme e apenas nesta segunda-feira (21) deveriam chegar em Recife. Da Capital pernambucana o navio passaria novamente em Recife e em Natal para deixarem lá aqueles que embarcaram nas respectivas cidades.
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