VIDA URBANA
Bacias hidrográficas da Paraíba sofrem sem políticas de prevenção
Encontro discute efeitos da estiagem na Paraíba e gestão participativa da água no Estado.
Publicado em 11/11/2014 às 14:09
Poluição doméstica, falta de saneamento básico e desperdício são os principais problemas observados nas nossas bacias hidrográficas. Elas, segundo os órgãos gestores, ainda não possuem políticas de prevenção para sua preservação e, caso isso não seja feito, não é descartada uma necessidade futura de racionamento de água em todo o Estado. Segundo a Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (Famup), as prefeituras já entenderam e assumiram sua responsabilidade nesse processo.
Para o presidente do Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba, Ulysmar Cavalcante, o maior problema reside na falta de educação da população e comprometimento dos órgãos públicos. “A bacia do rio Paraíba é uma das maiores do Estado, indo de Cabedelo a Monteiro.
"Se você passar hoje nos municípios de Santa Rita e Cruz do Espírito Santo, por exemplo, você verá uma grande quantidade de lixo, pessoas lavando carros e animais nesses mananciais. Fora em municípios onde não há esgotamento sanitário. Falta uma participação maior dos prefeitos para que eles entendam que essa não é uma responsabilidade só nossa, dos órgão gestores, mas também é deles. E se essa responsabilidade não for assumida, corremos sérios riscos”, declarou.
A secretária geral do Comitê das Bacias do Litoral Norte, Mirella Costa, por sua vez, destacou que a região de Mamanguape foi uma das que mais sofreu com a escassez das chuvas. Lá, como medida extrema, ela não descartou a possibilidade da necessidade de racionamento. “Nossos rios estão degradados devido a problemas como a falta de saneamento básico.
Além disso, em algumas regiões choveu pouco, o que implica em dizer que, se continuar assim, teremos que tomar medidas mais extremas”, disse, pontuando que “ainda falta muita coisa, dentre elas a participação social e de gestores públicos além de um estudo que informe as épocas de escassez e apontem as medidas necessárias de serem tomadas”.
A presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Sul, Edelcides Gondim, por sua vez, ressaltou a necessidade de uma maior fiscalização dos órgãos responsáveis para garantir a propagação da ideia de corresponsabilidade quando o assunto são os nossos recursos hídricos. “Falta autuação e educação. Primeiro autuação para que se garanta uma gestão melhor equacionada e dirigida, e educação para que as pessoas entendam e também fiscalizem. Hoje estamos tranquilos, se assim podemos dizer, na região metropolitana, mas e o futuro? Precisamos compartilhar essa responsabilidade com os nossos mananciais”, apontou.
De acordo com o presidente da Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (Famup) Tota Guedes, os municípios já compreenderam a necessidade de participação quanto aos cuidados com os nossos mananciais e já estão se mobilizando para implantarem planos de saneamento e de gestão dos resíduos sólidos. “Isso é algo que enfatizamos junto a eles e, além disso, eles estão sendo cobrados, inclusive pelo Ministério Público. Nós temos certeza que todos estão se comprometendo com a consciência de que esses são problemas que terão que ser resolvidos”, apontou.
Segundo o diretor de gestão e apoio estratégico da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado (Aesa), Chico Lopes, há três anos está sendo desenvolvido um trabalho mais intensificado e eficaz quando à administração dos nossos recursos hídricos. Apesar disso, ele reconheceu que em todo o Estado se vive hoje uma crise. “Não só na Paraíba, mas em todo o país se vive uma crise. Aqui nosso litoral está livre, visto que foi onde mais choveu, mas, mesmo assim, estamos com essa preocupação do acompanhamento do planejamento que fizemos para que a água que temos possa chegar em 2015 e venha depois um inverno bom para podermos nos recuperar, visto que já estamos entrando no quarto ano de seca”, complementou.
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