VIDA URBANA
Catadores reivindicam pagamento de auxílio
Auxílio pago pela Prefeitura Municipal de Campina Grande aos catadores foi suspenso e só deve ser retomado na próxima gestão.
Publicado em 02/11/2012 às 6:00
A esperança dos catadores de lixo que moram nos bairros do Mutirão, Catingueira, Glória e das Cidades, em Campina Grande, de receber dois meses de auxílio atrasado da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) foi sepultada ontem. O secretário Robson Dutra (Semas) afirmou que, pela legislação eleitoral, o município está impedido de cumprir com ações sociais desse gênero e que só a partir da próxima gestão, em janeiro de 2013, é que eles poderão passar a receber novamente o benefício de R$ 100,00 e uma cesta básica.
Inconformados com a situação, dezenas de trabalhadores que até o mês de janeiro retiravam seu sustento dos resíduos depositados no antigo lixão da cidade se concentraram na manhã de ontem em frente à sede da Semas e cobraram o pagamento do benefício. Alegando que estão sem dinheiro para pagar contas de água e luz, além de não ter mais condições de comprar gás e alimentos, os trabalhadores afirmaram que só irão sair do local quando os dois meses em atraso forem pagos.
“Existem mais de 600 catadores que retiravam seu sustento catando o lixo. Só que quando desativaram o lixão em janeiro, a secretaria só cadastrou 223 catadores e depois do terceiro mês eles começaram a atrasar o pagamento. A prefeitura pagou até o mês de agosto, só que estamos esperando receber setembro e outubro também. Eles prometeram nos pagar até que construíssem os galpões de separação de lixo no Mutirão, Catingueira e Ramadinha, mas até agora não foi nada”, explicou a catadora, Sonali Oliveira, 30 anos.
Justificando o não pagamento desse auxílio da prefeitura, Robson Dutra reafirmou que está impedido pela lei eleitoral de pagar qualquer benefício social três meses antes e três meses depois da eleição municipal. Ele citou que até o final de 2012 nenhuma das parcelas no valor de R$ 100 será paga, nem a cesta básica que vale cerca de R$ 70 será mais entregue por conta da determinação da Justiça.
“A secretaria ainda pagou o mês de agosto, e por isso eu estou respondendo um processo criminalmente, porque não se pode pagar esse tipo de auxílio em época de eleição. No dia do pagamento veio Justiça Eleitoral e Polícia Federal e por isso estamos enfrentando problemas judiciais. A responsabilidade de voltar a pagar essas pessoas vai ser do próximo gestor da cidade a partir do mês de janeiro”, acrescentou Robson.
A trabalhadora Maria Sousa, 64 anos, reprovou a atitude do secretário e cobrou uma resposta positiva para todas as famílias que estão passando por essa dificuldade. “A gente não tem estudo para poder conseguir um trabalho com carteira assinada.
O que eu estou fazendo para poder colocar um prato de comida em casa é sair às 6h do Mutirão, vir para o Centro da cidade empurrando uma carroça e catando o lixo da rua”, contou a catadora.
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