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VIDA URBANA

Celeste planejava sequestrar filho de empresário

Mesmo sendo coautor, polícia acredita que suspeito de receptação seria alvo.

Publicado em 30/06/2016 às 8:23

O bando preso por suspeita de matar o universitário Marcos Antônio Filho, de 28 anos, planejava outros crimes, inclusive sequestro, de acordo com o delegado Aldrovilli Grisi. A comprovação veio com base em mensagens de texto em poder da principal suspeita, a irmã da vítima, Maria Celeste. Inclusive, no decorrer das investigações, a polícia passou a acreditar que um empresário de 54 anos preso sob suspeita de receptação seria, na verdade, mais uma vítima de Celeste. Ela planejava um roubo contra o empresário e também sequestrar o filho dele.

Conforme Grisi, uma procuração falsa de Marcos foi encontrada na casa do empresário de 54 anos. Marcos teria encontrado esse documento e questionado a irmã e, por isso, teria sido morto. Porém, no decorrer das investigações, a polícia passou a acreditar que o empresário é mais uma vítima de Celeste.

O empresário pode não estar diretamente ligado ao homicídio, ou ter algum interesse no crime, mas foi necessária sua prisão para auxiliar nas investigações. "Tudo indica que ele seja a pessoa que comprava todos os bens que Maria Celeste lapidava da família, do patrimônio familiar. A nossa intenção é buscar se ele tinha interesse ou não no homicídio. Até o presente momento, tudo está se desenhando que ele não tinha intenção de participar desse crime, mas, por uma questão de interesse da investigação, foi necessária a prisão dele nesse momento”, explicou o delegado.

Segundo as investigações, Celeste e os outros presos planejavam cometer crimes contra esse empresário e outros empresários que ela conhecia. “Informações extrainquérito indicam que os demais criminosos estavam planejando um roubo contra ele. E não só um roubo, mas também um sequestro contra o filho dele. Há conversas, diálogos de mensagens de texto da própria Celeste, provendo informações privilegiadas tanto dele como possivelmente de outros empresários, outras pessoas com quem ela mantinha contato”, disse o delegado.

A polícia segue apurando se ele teve participação no homicídio. Por enquanto, ele segue preso para ajudar nas investigações e também por crime ambiental. Com ele, foram apreendidas 47 aves silvestres e ele foi multado em R$ 27 mil.

Relembre

Marcos Antônio Filho foi baleado no dia 4 de junho, durante um suposto assalto à padaria que pertencia à irmã. O jovem, que cursava Medicina Veterinária no Campus da Universidade Federal da Paráiba (UFPB) na cidade de Areia, no Brejo paraibano, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no mesmo dia.

"Se a gente soubesse que era irmão, a gente tinha matado ela", disse o executor de Marcos Antônio, de 28 anos, morto com um tiro na cabeça na padaria da família no dia 4 de junho, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (28) na Central de Polícia, no bairro do Geisel, na capital.

Os bens da família eram avaliados em cerca de R$ 1 milhão, e teria sido o motivo pelo qual Maria Celeste, de 26 anos, teria mandado matar o irmão durante um suposto assalto à padaria dela, no bairro Jardim Luna, em João Pessoa, segundo informou o delegado Aldrovilli Grisi.

Segundo o delegado, depois da morte do pai dos irmãos, quem passou a gerir o patrimônio da família, que mora em Bayeux, foi a irmã, uma vez que a vítima estudava e morava em Areia, no Agreste do estado. Durante a ausência do irmão, ela conseguiu vender um imóvel e um carro pertencente à família e ainda segundo Aldrovilli Grisi, teria falsificado a assinatura do irmão para poder vender um imóvel que estava no nome dele.

Uma sétima pessoa foi presa, conforme informações passadas por Grisi a reportagem da TV Cabo Branco por volta das 12h30. O homem era motorista de transporte alternativo e teria ajudado a dupla que realizou a ação criminosa na padaria durante a fuga.

Encomenda do crime e envolvidos

Conforme Aldrovilli Grisi, a morte do estudante foi encomendada pelo valor de R$ 13 mil, que a suspeita pretendia pagar após a execução. O delegado explica que ela não tinha o dinheiro no momento do contrato. “Ela pretendia pagar os executores do irmão com o dinheiro dos bens do próprio irmão”, explica.

Além de Maria Celeste, foram presos Ricardo de Sousa, de 31 anos, autor do disparo; Nielson da Silva, de 38 anos, comparsa do atirador; Severino Fernando, de 37 anos, que serviu de ponte entre a irmã e os criminosos; Wérlida Raynara, de 21 anos, que seria namorada de Celeste; e João Cardoso, de 54 anos, que está preso preventivamente, pois seria comprador de imóveis da família.

As prisões são preventivas e conforme o delegado devem se transformar em temporárias após o aprofundamento das investigações. As cinco pessoas apresentadas na coletiva, o que exclui o comprador das propriedades, devem ser indiciadas por homicídio em concurso com roubo - que é quando o roubo é forjado para ocultar uma execução - e por formação de quadrilha.

Investigações

O caso foi tratado primeiramente como homicídio, por isso investigado pela Delegacia de Homicídios, depois passou para Roubos e Furtos porque havia a suspeita de que fosse um latrocínio - roubo seguido de morte. A mudança de rumo na investigação aconteceu após a polícia conseguir na Justiça a quebra de sigilo telefônico da vítima. Nos registros do celular da vítima, a polícia encontrou várias ligações do irmão para a suspeita onde ele questionava a venda do patrimônio, bem como a forma que ela havia conseguido para vender o imóvel dele. Depois disso, a polícia conseguiu a quebra do sigilo da suspeita e descobriu como se deu a negociação para a morte do jovem.

Grisi explicou que a suspeita não gostava de ser questionada e teve a ideia de executar o irmão para poder vender os imóveis e bens livremente e sustentar um padrão de vida alto que ela levava. A delegada de Roubos e Furtos, Julia Valeska, disse que Celeste fez isso "para viver uma vida de ostentação".

O delegado relatou na coletiva que a suspeita sustentava duas namoradas, uma delas foi presa, além de gastar muito em festas, viagens e compras em restaurantes e shoppings de João Pessoa e Recife. “Ela levava uma vida luxuosa e queria manter, e a forma que ela encontrou foi vendendo os bens da família”, detalhou Grisi.

Irmã foi mandante

Na segunda-feira (27), foi presa Maria Celeste Medeiros, de 26 anos, a irmã de Marcos Antônio, de 28 anos, morto durante assalto a uma padaria no Jardim Luna, em João Pessoa, no dia 4 de junho. Ela foi presa como a mandante do assassinato do irmão. Ele foi morto com dois tiros na cabeça e, conforme a polícia, possivelmente visando a herança da família.

"Está comprovado que ela foi a mandante", disse o delegado Aldrovilli Grisi Dantas.

Outros cinco suspeitos também foram presos. De acordo com o delegado, novos detalhes do caso vão ser repassados nesta terça-feira (28), durante uma coletiva de imprensa.

O crime

A vítima, irmão da proprietária do estabelecimento, foi socorrida em estado grave. Segundo informações da Polícia Militar, dois homens armados entraram na padaria, renderam os funcionários e clientes, roubaram o dinheiro do caixa e a motocicleta da vítima que foi baleada e fugiram.

O rapaz ferido mora em Areia e vinha a João Pessoa nos fins de semana para ajudar no estabelecimento comercial da irmã. Um dos padeiros do estabelecimento, que se identificou apenas como Araújo, relatou que os assaltantes atiraram no homem quando ele estava deitado no chão. “O rapaz estava deitado no chão. Aí ele [o assaltante] disse ‘cadê a chave da moto?’, o rapaz deu. ‘A moto tem alarme ou não?’, o rapaz não chegou nem a responder, ele deu um tiro no chão e outro na cabeça do rapaz, na covardia”, detalhou o padeiro.

Ainda de acordo o funcionário da padaria, ele flagrou a dupla quando seguia para buscar ovos e leite para fazer bolo. Foi neste momento que os assaltantes perceberam a presença dele e também o renderam. “Também me mandaram deitar. Deitei para cima, para esconder uma faca que tava na mesa de trabalho”, explicou.

Conforme informações do cabo Lenildo, da Polícia Militar, o funcionário da padaria foi socorrido por uma equipe do Samu em estado de saúde grave e encaminhado para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. “Estamos mantendo contato com a dona para que as imagens da câmera de segurança sejam usadas na busca pelos suspeitos”, comentou.

"Foi execução", disse perito

Após os primeiros exames periciais, uma equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC) concluiu que o tiro não havia sido acidental. Para o perito criminal responsável pela análise, Aldenir Lins, o crime tem características de execução.

“Foram executados dois disparos. O primeiro disparo pegou em um lixeira, esse não foi direcionado para ninguém, foi um tiro direcionado para baixo, para o piso, e acabou atingindo a lixeira. O outro disparo foi exatamente na cabeça da vítima. Esse outro disparo foi muito direcionado para a vítima. Ele não foi naquela coisa de um momento no calor da emoção, não houve reação por parte da vítima. Já deu para perceber que ele chegou, a vítima estava ao solo, estava rendida”, comentou.

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Jornal da Paraíba

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