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VIDA URBANA

Cerca de 40 quilombos plantam algodão para indústria têxtil da Paraíba

Produtos gerados da produção são também exportados para outros países.

Publicado em 14/04/2019 às 7:00 | Atualizado em 14/04/2019 às 16:38


                                        
                                            Cerca de 40 quilombos plantam algodão para indústria têxtil da Paraíba
Foto: Divulgação

Tradicionalmente voltadas à agricultura de subsistência, sem geração de renda, as comunidades quilombolas da Paraíba adentram ao mercado industrial através de arranjos produtivos locais. Apenas no Sertão paraibano há cerca de 40 comunidades remanescentes de quilombo que passaram a investir na produção de algodão colorido orgânico voltado ao comércio para indústria têxtil no município de São Bento.

A plantação é feita com contrato de compra garantida, produz matéria-prima para fabricação de redes de dormir, mantas, almofadas e cortinas distribuídos para todo o país e exportados para a América, Europa, Ásia e África.

O preço pago pelo quilo do algodão colorido está entre os mais altos do mercado. Colorido orgânico, ele responde a uma demanda do mercado por produtos ecológicos e sustentáveis, já que a pluma já nasce com as cores que vão do bege ao marrom, sem tingimentos e sem uso de defensivos químicos.

Na Paraíba, há atualmente 39 Comunidades Remanescentes de Quilombo. Em São Bento, a empresa têxtil Santa Luzia Redes e Decoração está expandindo a produção do algodão colorido orgânico em parceria com os agricultores de uma comunidade tradicional local.

Com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa Paraibana de Pesquisa e Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) o projeto de expansão da produção do algodão naturalmente colorido visa resgatar a vocação rural da região e da comunidade quilombola, que já plantou algodão no passado.

O quilombo Terra Nova é uma das áreas escolhidas para aumentar a colheita e com isso ampliar a oferta de redes, mantas, tapetes e cortinas. "O objetivo da empresa é que o algodão colorido volte a garantir renda para o homem do campo porque tem valor agregado", explica Armando Dantas, CEO da Santa Luzia.


				
					Cerca de 40 quilombos plantam algodão para indústria têxtil da Paraíba
Indústria têxtil da Paraíba usa produção quilombola para fabricação de redes, mantas e cortinas tipo exportação. Foto: Divulgação. Paulo Rossi

Expansão

Antes, a produção da fibra ecológica era feita apenas com os agricultores do assentamento Maria Margarida Alves, em Juarez Távora. Agora está sendo expandida para São Bento e municípios vizinhos da fábrica têxtil, sempre com contrato de compra garantida da empresa junto aos agricultores. “No assentamento rural em Juarez Távora, a produção é feita por um grupo de empresas em área de aproximadamente 15 hectares. Agora estamos plantando 20 hectares e produzindo na nossa própria cidade, onde a empresa atua desde 1986”, confirma Armando Dantas.

A ação para a expansão é parte do programa da empresa para contribuir com o Arranjo Produtivo Local. O objetivo do plantio é dobrar a produção em 2020 para atender a crescente demanda de consumidores que exigem produtos têxteis de Casa e Decoração desenvolvidos nos preceitos da sustentabilidade.

Quilombolas

Quilombolas são habitantes de quilombos, um fenômeno típico das Américas. Os quilombos são vilas de descendentes de negros escravizados. Há quilombos em comunidades rurais e urbanas e são caracterizadas pela agricultura de subsistência e por manifestações culturais que têm forte vínculo com o passado africano.

Há 30 quilombos na Paraíba. No Brasil, já são mais de 1200 quilombos certificados.

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Angélica Nunes

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