VIDA URBANA
CRM faz 14 interdições éticas
Medidas são resultado de fiscalizações feitas em 2014. Conselho diz que unidades estão "em clima de guerra e caos".
Publicado em 06/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 01/03/2024 às 12:46
O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) fiscalizou, em conjunto com o Conselho Federal e o Ministério Público, 332 unidades de saúde espalhadas por todos os municípios do Estado em 2014. Destas, 14 foram interditadas eticamente por não possuírem estrutura mínima para um atendimento digno à população. De acordo com o diretor de fiscalização do órgão, João Alberto Morais, a situação observada no ano que passou demonstra a precariedade dos hospitais da Paraíba, que, segundo ele, vivem verdadeiros “climas de guerra e caos”.
Ao todo, o CRM inspecionou Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs), Maternidades, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Hospitais, Clínicas, Policlínicas e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Na lista de locais inspecionados, alguns foram desinterditados até o mês de outubro do ano passado. Dentre estes locais estão UBSFs de João Pessoa, Araçagi, Cajazeiras, Cabedelo, Monteiro, e Itatuba. Dentre os locais interditados, por sua vez, cinco se encontram na capital - as UBSF IV e V de Cruz das Armas; as UBSF I e II da Ilha do Bispo, e a UBSF do Jardim Veneza. As demais se encontram nos municípios de Campina Grande, Sapé e Prata.
A interdição é a última medida tomada pelo CRM quando alguma fiscalização, seja ela de rotina ou por meio de alguma denúncia, é feita. Conforme João Alberto, o Conselho não pode interditar o funcionamento total das unidades de saúde, mas pode impedir que o médico ou outro profissional de saúde vá ao local devido à sua precariedade. “O CRM toma essa medida apenas quando a situação da unidade é tão ruim que se ela ficar aberta é ainda pior para a população. A gente sabe que é ruim com eles, mas pior sem eles, porém há locais sem higienização, que apresentam risco para pacientes e profissionais que frequentem o recinto. Ainda alguns dos locais interditados pelo CRM não possuíam médico ou diretor técnico ou, ainda, tinham técnicos de enfermagem tratando doentes sem a supervisão nem de enfermeiros”, denunciou.
Na opinião de João Alberto, a situação da saúde da Paraíba como um todo, incluindo seus dois maiores centros – João Pessoa e Campina Grande – está caótica. Ele destacou os investimentos de estímulo aos Postos de Saúde da Família e a pouca preocupação com hospitais de grande complexidade, deixando a população praticamente sem assistência.
“Quando se fala em hospitais públicos da Paraíba nós pensamos em dois, os de emergência de João Pessoa e Campina Grande, para atender a toda uma população do Estado e em condições sofríveis, porque não existe uma política clara com relação aos atendimentos. Resumindo, na Paraíba não há nenhum hospital para atender doentes de alta complexidade”, alfinetou.
Ele ainda destacou os pontos que seriam necessários para que a saúde da Paraíba mudasse. “É preciso primeiro responsabilidade para planejamento e estratégia de ação. Criar equipes da unidade, para sabermos quem é quem. Você é atendido no Hospital de Trauma, por exemplo, e sai de lá sem saber o nome do médico. Além disso, também é preciso equipamentos, acessibilidade a exames, que hoje em dia chegam a demorar um mês para serem feitos, exames de baixa complexidade. É preciso criar o mínimo de condições porque, enquanto isso não é feito, a saúde da Paraíba continuará esse caos que vemos hoje”, comentou, complementando que o órgão continuará realizado inspeções em 2015, com foco naqueles locais que foram interditados em 2014.
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