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VIDA URBANA

Cuidador de idoso com Alzheimer tem rotina árdua

Cansaço e estresse são inevitáveis para quem enfrenta o desafio de cuidar de portadores dessa doença degenerativa  

Publicado em 10/08/2014 às 8:00 | Atualizado em 05/03/2024 às 14:24

Depois de sete horas de trabalho, o técnico em informática Miguel Florêncio, 54 anos, tem outra jornada pela frente. Tomar todos os cuidados com o pai, de 84 anos, que sofre de Alzheimer. A atividade requer paciência, dedicação e amor, o que o filho garante ter em sobra, mas a sobrecarga e o cansaço são inevitáveis. O estresse do cuidador tem sido tema frequente entre pesquisadores, pois acarreta mudanças em todos os aspectos de sua vida, desde o físico ao mental.

Casado, o técnico em informática passou a morar na casa dos pais há cinco anos para se dedicar ao bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal e recreação do pai. “Ele já não fala mais, não lembra das pessoas, às vezes não quer comer e nem tomar a medicação. É preciso muita paciência para fazer essas coisas e ainda cuidar da higiene pessoal dele. É como se fosse uma criança que depende de outra pessoa para tudo. A minha preocupação com meu pai é constante”, relatou. “Pra mim é pesado e árduo ter o expediente no trabalho e outro em casa, mas não se torna uma tarefa difícil por ser para meu pai.

Faço com amor, em retribuição a tudo que ele fez pelos filhos”, completou.

Apesar de toda dedicação, Miguel Florêncio admite que muitas vezes precisa sair para relaxar um pouco e aproveitar a vida pessoal e amorosa. “Além de mim e de minha esposa, que é tão dedicada aos cuidados do meu pai quanto eu, ainda há outras duas cuidadoras, técnicas de enfermagem que se revezam nas atividades. Mesmo assim, nos finais de semana preciso sair para desopilar um pouco, viajar, curtir minha mulher e mudar um pouco o pensamento, embora a preocupação com o bem-estar dele seja constante. Mas também preciso de um tempo pra mim”, ressaltou.

Segundo especialistas, na grande maioria das vezes, a família passa a ser vista como núcleo central para o acolhimento e o cuidado de quem precisa de atenção, ficando os filhos, o cônjuge e parentes mais próximos como o principal responsável pelo paciente com Alzheimer. Mas para Miguel Florêncio, os filhos devem desempenhar os cuidados sem queixas. “Aos filhos ainda jovens eu aconselho a pensarem bem em suas atitudes. Cuidem dos pais, principalmente quando tiverem com algum problema, pois eles merecem todo carinho.

Depois de um tempo, os papéis se invertem e os pais se tornam filhos dos filhos”, destacou.

Para entender um pouco sobre o problema, o neurologista Josenilton Carlos Henrique explicou que a doença degenerativa, ou mal de Alzheimer como também é conhecida, apresenta três fases: leve, moderada e grave. Na primeira fase, o paciente, na grande maioria das vezes, ainda toma conta de si, necessitando apenas de um monitoramento ou supervisão que facilmente é efetuado pelos que lhe têm proximidade. Já os portadores da forma moderada e, principalmente, os portadores da forma grave, necessitam diuturnamente de auxílio intenso para cuidar, tanto de sua vida financeira, como de si mesmos.

CONSEQUÊNCIAS
“Não é fácil ser cuidador, ainda mais se esta séria incumbência cabe a um familiar. Todos os aspectos de sua vida são afetados, alguns bastante relevantes. O mais óbvio deles é o físico, já que o cuidador sofre ao despender rotineiramente força física nos cuidados com pacientes que são idosos, em situações como as de virar o paciente no leito, na troca de fraldas ou no banho. É comum que venham a padecer de problemas osteo-musculares”, explicou o neurologista Josenilton Carlos Henrique.

No entanto, o lado financeiro também é afetado, inclusive, segundo o neurologista, este é o fato que mais conduz ao abandono do tratamento por medicamentos, que tem alto custo, e que não tem regular fornecimento pelos órgãos públicos. “O trabalho afeta também o psicológico do cuidador, e com severas consequências. Não é raro que fique privado de se afastar do doente, ou até de sair de casa, deixando de realizar atividades cotidianas que contribuiriam ao seu relaxamento, como ir à feira, à igreja, ao cinema e a festas, que quando limitadas, adicionam um caractere limitante que traz dissabores ao cuidador. Também é comum que cuidadores assumam a culpa da evolução da doença no ente querido. Nesses casos, atualmente se recomenda o acompanhamento psicológico do cuidador”, frisou.

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Jornal da Paraíba

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