VIDA URBANA
Destruição de recifes provocou avanço do mar em Cabedelo
Muita gente prefere “culpar” o aquecimento global, mas na praia do Poço acredita-se que a degradação de recifes seja o principal motivo para a destruição causada pelo mar.
Publicado em 10/01/2010 às 8:56
Natália Xavier
O mar avança sobre uma determinada área e com a força das ondas começa a destruir o que encontra pela frente. Muitas pessoas preferem “culpar” o aquecimento global por estas agressões da natureza, mas as verdadeiras razões podem ir além disso. Um exemplo é o que está acontecendo na praia do Poço, em Cabedelo, onde acredita-se que a degradação de recifes é a principal motivação para a destruição causada pelo mar.
No local, existe uma faixa de terra de aproximadamente 300 metros que está visivelmente sofrendo mais com a agressão do mar. O que até então parecia não ter um motivo, começou a ser desvendado a partir de histórias contadas por moradores e hipóteses levantadas na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“A área foi muito agredida pelo mar e ninguém sabia o que era. Um dia, quando nós fomos ao local, alguns moradores nos contaram que próximo ao lugar havia acontecido uma dinamitação de recifes para a passagem de embarcações”, revelou o professor do departamento de Geociências da UFPB, Paulo Rosa.
Segundo o comerciante Sérgio Santos, que trabalha na praia do Poço há mais de 15 anos, a dinamitação dos recifes na área foi feita há cerca de 30 anos para a passagem de embarcações de pesca e depois disto o mar foi avançando aos poucos. “Meu pai era pescador e morou aqui por 62 anos. Ele morava aqui na época da dinamitação dos recifes e nos contava. Isso aconteceu há mais de 30 anos e agora nós estamos sentindo os efeitos. Em 15 anos, o mar já avançou mais de 20 metros. Agora, nós, comerciantes e moradores, estamos tendo prejuízos”, relatou.
O professor Paulo Rosa explicou que ainda não foi feito nenhum estudo que comprove a relação entre a dinamitação dos recifes e o avanço do mar na área, mas que é grande a probabilidade dos dois fatores estarem interligados. “Sem os recifes para quebrar da energia das águas, ela chega à superfície com muita força. A área é uma planície muito sensível, então, qualquer coisa que se mecha nos recifes causa muitos problemas”, alertou.
Para o professor, a retirada dos recifes ou a agressão a estas barreiras naturais de proteção pode contribuir para o desaparecimento de grandes áreas do Litoral. “Ainda não sabemos o quanto seria destruído. Mas se acabarem os recifes, o período de vida nesta área será muito curto. A força hidráulica é muito agressora. Quem quiser manter a área deverá ser responsável pela manutenção dos recifes”, destacou.
Leia mais na edição deste domingo do Jornal da Paraíba.
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