VIDA URBANA
Feira Central é um dos berços de Campina Grande
Enedina Barbosa, de 82 anos, recorda lado poético da Feira Central de Campina Grande.
Publicado em 11/10/2017 às 14:30 | Atualizado em 01/03/2023 às 17:03
“A feira era linda, era uma festa com muitos violeiros e repentistas animando os feirantes e clientes”. A lembrança de Enedina Barbosa, de 82 anos, faz referência um dos berços de Campina Grande, que faz 153 anos nesta quarta-feira (11): a Feira Central.
Conhecendo a feira e se tornando comerciante junto com o marido e os filhos, Enedina resgata momentos emocionantes de sua história com Campina e como foi a feira por volta da década de 60. E é neste contexto que ela se lembra da face poética da Feira. “Declamavam versos de cordel para as pessoas comprarem folhetos literários, era tudo lindo”, lembra.
A compra e o pagamento também já foram diferentes. Além do fiado anotado no caderninho, dona Enedina e os comerciantes da época utilizavam a prática do escambo. "A gente utilizava muito do escambo, que é a troca dos produtos. Então eu trocava o coco do nosso comércio com quem vendia o milho, a farinha, o feijão. Assim acontecia a troca dos produtos", informa ela.
Na memória de Enedina, o comércio de Campina ultrapassa uma simples venda e cria a ideia de um evento que acontecia de forma organizada, bonita, festiva, histórica e cultural. "A feira era colorida, alegre, cheirosa tanto das comidas, quanto da tinta dos tecidos. As barracas todas divididas na rua. Frutas, doces, queijos, temperos, gelada de coco com com pão doce e caldo de cana, tudo organizado. Muita saudade!", exclama dona Enedina.
Cabarés eram ‘El Dorado’ de Campina Grande
A forte presença dos cabarés da Rainha da Borborema como impulso no comércio da cidade, fez dona Enedina lembrar da movimentação em torno do El Dourado nas noites campinenses. O cabaré fechado no horário da feira, se resguardava para agitar a noite.
"O cabaré era o que movimentava a noite da cidade. Lá de casa ouvia os bailes, a sanfona tocando. Era quente! Mulheres muito bonitas que como forma de respeito não saiam de dia, só à noite elas apareciam. Muitos homens ricos, coronéis e fazendeiros frequentavam o local. Com aquele dinheiro que elas recebiam na noite, faziam a feira, compravam roupas e cosméticos, movimentando o dinheiro no nosso comércio", pontuou ela. Campina Grande foi tudo isso para mim e eu a viveria novamente", finaliza dona Enedina.
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