VIDA URBANA
Estado não fornece medicações e prejudica tratamento
Medicamento para Alzheimer cuja caixa custa R$ 200 não é entregue há 4 meses, pacientes precisam recorrer à justiça.
Publicado em 13/11/2011 às 10:51
Para a dona de casa Damiana Nunes, seguir as determinações do médico é algo cada vez mais difícil. Ela, que sofre problemas cardíacos e neurológicos, precisa procurar o Ministério Público praticamente todos os meses para garantir o recebimento dos 12 remédios. “Todo mês é a mesma luta, já me deu vontade de desistir porque é muita humilhação”, lamentou. Muitas vezes, ela vai a pé até a Promotoria, em busca de uma notícia positiva.
Damiana é mais uma vítima da desorganização da Saúde na Paraíba. Há cinco anos, a dona de casa precisa tomar diariamente 12 remédios, o que nunca acontece. “Quando tem um, falta outro, raramente recebo todos os medicamentos”, afirmou. As consequências do descaso, só Damiana consegue descrever. “Minhas pernas incham, a cabeça dói, minhas mãos tremem...é horrível. Eu queria ter saúde”, declarou. No dia que foi entrevistada, a dona de casa tinha apenas quatro dos 12 remédios dos quais necessitava.
Drama semelhante é enfrentado pela família de um aposentado de 73 anos, portador do mal de Alzheimer. O filho dele, Carlos Barbosa, diz que o pai está há quatro meses sem receber o medicamento Exelon, que custa R$ 200. “Por mês, meu pai precisa de duas caixas”, afirma. Apesar de uma decisão judicial obrigar o fornecimento do remédio, o aposentado continua desassistido. “Com muita dificuldade, compramos os remédios, mas não temos dinheiro para garantir as doses dos meses seguintes”, comenta.
De acordo com Carlos, o medicamento é de uso contínuo e a falta dele pode causar danos irreversíveis. “Toda semana vou na Central de Medicamentos, mas ninguém informa nada. É muito triste o descaso do Governo”, explica. Angustiado, Carlos apela à Secretaria de Saúde o cumprimento da decisão judicial. “Até quando vamos continuar sem assistência, abandonados?”, questionou.
O defensor público Levi Borges diz que a população está mais consciente de seus direitos. “Quando o Estado ou o município se nega a fornecer medicamento, internação ou cirurgia, o cidadão recorre à Justiça, tem sido uma prática comum”, explicou. “São centenas de ações”, acrescentou Borges.
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