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VIDA URBANA

Faltam médicos em 14 equipes do PSF de CG

Situação mais crítica é na zona norte, onde existem cinco equipes sem profissionais.

Publicado em 07/07/2013 às 11:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:20

Duas salas interditadas e três meses sem realizar consultas médicas. É essa a realidade da equipe do Programa Saúde da Família (PSF) que atua na Unidade Básica de Saúde Tota Agra (UBSF), localizada no bairro de José Pinheiro, em Campina Grande. Outras 13 das 94 equipes do PSF que atuam em 70 postos da cidade também estão sem médico para atender a população local.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde do município, a situação mais crítica é a da zona norte da cidade, onde há cinco equipes sem médicos. O distrito de Galante também apresenta problemas, pois lá as duas equipes também estão sem esses profissionais. As zonas leste e sul têm deficiências de três equipes em cada uma, enquanto que na zona oeste os dados apontam que há apenas uma equipe sem médico.

No total, a prefeitura conta atualmente com 80 médicos contratados pela gestão municipal, sendo 47 efetivos, 18 contratados de forma emergencial e 15 do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), do governo federal, que oferece incentivos e bolsas de estudo para atrair médicos para atuar no setor de atenção primária da saúde.

Mesmo com esses 80 profissionais, o número ainda é considerado insuficiente para atender toda população, uma vez que ainda existem regiões da cidade em que os pacientes não têm a quem recorrer quando necessitam de uma consulta, quando o ideal, segundo a Secretaria de Saúde, é que cada equipe conte com um profissional, ou seja, 94 médicos.

É o caso da dona de casa Maria do Socorro Oliveira, 52 anos, que há seis meses tenta marcar uma consulta na unidade Tota Agra para o neto de 6 anos. O menino tem crises convulsivas e, para ser atendido por um neurologista, precisa passar primeiro por um médico do PSF para que ele o encaminhe ao profissional especializado.

“Desde janeiro que tento conseguir uma consulta para que ele possa ser encaminhado ao neurologista, pois ele já toma remédio há algum tempo e o neurologista tem que avaliar se ele precisa ou não continuar tomando esse remédio. Já vim várias vezes no posto, mas primeiro não conseguia a consulta e de um tempo pra cá não encontro médicos”, reclamou.

Uma das atendentes da unidade, Maria José Araújo, confirmou a falta de médico, mas informou que no local as pessoas podem contar com o atendimento de enfermeiros e técnicos de enfermagem que cuidam dos casos de menor gravidade. Quanto aos casos como o de Maria do Socorro, a funcionária disse que esses pacientes são orientados a procurarem o Centro de Saúde Doutor Francisco Pinto, no centro da cidade.

A dona de casa seguiu a orientação, mas mesmo assim não conseguiu atendimento. Ela disse que também já procurou postos de outros bairros para conseguir encaminhamento para o neurologista, mas obteve como resposta a afirmação de que ela teria que procurar atendimento na região em que mora.

Além da ausência do médico, a situação do posto Tota Agra também preocupa porque as salas de curativo e vacinação estão interditadas há cerca de dois meses por conta de vazamentos e paredes mofadas, que inviabilizam a realização desses procedimentos. Com os problemas, a unidade está realizando apenas atendimento odontológico, a entrega de medicamentos e os cuidados básicos feitos pelos profissionais de enfermagem.

“Infelizmente, quem precisa do atendimento de um médico tem que procurar outro lugar. A secretaria já disse que vai mandar um médico para cá nas próximas semanas, mas por enquanto continuamos sem. Algumas pessoas já sabem desse problema que ocorre há meses e muitas delas nem procuram mais o posto”, declarou a funcionária.

NOVAS CONTRATAÇÕES NÃO VÃO RESOLVER

De acordo com a diretora de Atenção à Saúde da Prefeitura de Campina Grande, a médica Giovanna Cordeiro, a falta de médicos nas equipes do Programa Saúde da Família (PSF) é um problema antigo na cidade. Como forma de tentar reduzir ainda mais esse déficit, a Secretaria de Saúde do município contratou mais quatro profissionais que, segundo Giovanna, começarão a trabalhar a partir de amanhã.

Desses quatro novos profissionais, pelo menos um deles atenderá no distrito de Galante e outro para a UBS Tota Agra, que segundo a médica apresentam situação mais complicada que as demais áreas. As regiões que receberão os outros dois profissionais ainda estão sendo definidas pela secretaria, mas só devem ser oficializadas amanhã.

“Ainda estamos analisando esses locais em que não há esses profissionais, mas a nossa prioridade é destinar os médicos para as unidades que estejam há mais tempo sem o serviço, pois após dois meses sem médicos na unidade básica o governo federal suspende uma parte dos recursos enviados para custear a atenção básica”, explicou.

Mesmo com as novas contratações, ainda vão ficar 10 equipes do PSF sem profissionais da Medicina, número que a gestão municipal pretende zerar, mas não consegue por falta de médicos interessados em atuar na cidade.

“Se hoje aparecer algum médico do Saúde da Família que queira trabalhar nós iniciaremos imediatamente o processo de contratação, pois existe a disposição de contratar, mas não há profissionais interessados. Atualmente esses médicos preferem trabalhar em outras cidades do interior, pois eles pagam melhor por uma quantidade menor de horas trabalhadas”, pontuou. Em Campina, salário é de R$ 7 mil.

Para a população que reside em localidades onde ainda faltam médicos, a recomendação da diretoria é que o paciente procure o centro de saúde ou unidade básica que seja referência na sua região para conseguir a consulta. “Mesmo faltando médicos, as equipes de saúde não podem ser reduzidas a eles. Há casos em que o problema pode ser resolvido por uma enfermeira ou técnico em enfermagem, profissionais estes que estão presentes em todas as equipes do PSF existentes na cidade”, salientou.

Serviços oferecidos nas unidades básicas de saúde de Campina Grande

Acompanhamento de pré-natal de baixo risco
Tratamentos na área de saúde bucal
Vacinação
Acompanhamento de portadores de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, hanseníase, tuberculose)
Puericultura (processo que acompanha o crescimento e o desenvolvimentos de crianças entre 0 e 2 anos)
Distribuição de medicamentos
Atendimentos na área da saúde mental
Exames citológicos
Atendimento médico de baixa complexidade (viroses, crises de asma, crises hipertensivas, etc)

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Jornal da Paraíba

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