VIDA URBANA
Família de idoso morto na rodoviária diz que ele nunca tinha vindo à PB
Polícia afirma que suspeito e vítima mantinham um relacionamento amoroso.
Publicado em 25/06/2016 às 10:59
A família do idoso que foi assassinado no Terminal Rodoviário de João Pessoa informou que ele nunca estava na Paraíba antes do dia em que foi morto. A informação vai de encontro às investigações realizadas pela Polícia Civil, que apontam que a vítima fazia frequentes visitas a João Pessoa e mantinha um relacionamento amoroso com o suspeito do crime.
De acordo com o sobrinho da vítima, Marcos Roberto da Silva, o tio não era homossexual, estava casa há 40 anos e nunca tinha visitado a Paraíba antes. “Ele foi pela primeira vez para ser assassinado. Um turista que desembarcar na Paraíba corre o risco de voltar como o meu tio, porque não tem segurança na rodoviária”, disse. Marcos Roberto explicou que o tio era ufólogo, escritor da área de ufologia e ex-funcionário do Banco do Brasil e da Aeronáutica.
O crime ocorreu na última segunda-feira (20), quando Gilvan Roberto da Silva, de 64 anos, foi esfaqueado na rodoviária de João Pessoa por Ericson Rafael Menezes Marinho, de 29 anos. A suspeita inicial da polícia era de latrocínio. A vítima morreu horas depois no Hospital de Taruma e o suspeito foi preso no mesmo dia, em sua casa em Bayeux.
A família da vítima afirmou que o crime foi "classificado como passional" para que outras pessoas não tenham medo de visitar a Paraíba. “Ele foi esfaqueado às 12h30 e quando chegou no hospital era quase 16h. Ou seja, falta segurança, mas também falta gestão. Isso (afirmar que o crime foi passional) é um jogo político da Secretaria de Segurança. Para se ver livre de ter o volume de turistas diminuído por causa da falta de segurança. A Secretaria tinha que elucidar o caso e dar conforto à família e não agredir e assassinar mais uma vez”, declarou Marcos Roberto.
O familiar ainda afirmou que o que ocorreu foi um latrocínio, crime pelo qual Ericson já era procurado pela polícia. “Esse homem era fugitivo da Justiça por latrocínio, o mesmo crime cometido agora. A Secretaria de Segurança diz que não foi latrocínio para não mostrar que a Paraíba deixa ser assassinado um turista. E mente para a imprensa para denegrir a vida, a imagem de uma pessoa que não tem nada a ver com a Paraíba, que foi só para dar uma palestra de ufologia”, disse o sobrinho da vítima.
Marcos disse ainda que a família vai processar o delegado, a Secretaria de Segurança e o Governo do Estado pelas declarações feitas sobre o tio. “É criminosa a declaração do delegado, é criminosa a atitude da Secretaria de Segurança Pública do Estado, que assassina pela segunda vez o meu tio”, disse.
O delegado João Paulo Amazonas disse que está ciente da versão da família, mas que não vai mais se pronunciar sobre o caso no momento. A Delegacia de Roubos e Furtos informou que, como o latrocínio foi descartado, o caso vai ser encaminhado para a Delegacia de Homicídios. A assessoria da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social não respondeu a reportagem até o fechamento da matéria.
Polícia afirma que suspeito não superou término da relação
A versão da Polícia Civil, divulgada na última quarta-feira (22), afirma que Ericson e Gilvan mantinham uma relação amorosa há algun meses e que a vítima do crime vinha constantemente à capital paraibana. "Quando Gilvan chegava em João Pessoa, eles se encontravam. Gilvan o ajudava financeiramente, lhe dava roupas, numa espécie de acordo", explicou o delegado João Paulo Amazonas.
Segundo o delegado, Ericson esfaqueou Gilvan por causa do fim do relacionamento, que ocorreu há cerca de um mês. "Gilvan acabou com a relação quando esteve aqui e, desde então, Ericson não se conforma com o término", explicou Amazonas. "Testemunhas informaram que presenciaram uma discussão entre os dois no mês passado na rodoviária. O suspeito achava que Gilvan estava se relacionando com outra pessoa", disse o delegado.
Vítima foi atingida por golpes de faca
O crime ocorreu no Terminal Rodoviário de João Pessoa, por volta das 12h30 da segunda. Segundo o Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop), a vítima foi atingida no abdômen por golpes de faca. Um estudante de Educação Física que socorreu Gilvan afirmou que ele teve duas paradas cardíacas no local. Segundo testemunhas, o homem, que veio de Brasília, estava esperando um conhecido chegar quando foi abordado pelo agressor. Ele foi socorrido para o Hospital de Trauma de João Pessoa, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Ericson foi preso nesta terça-feira (21) em sua casa no bairro de São Bento, em Bayeux, após uma denúncia. Ele confessou o crime. Na residência, a polícia encontrou a faca utilizada no crime e as roupas que o homem vestia no momento do homicídio.
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