VIDA URBANA
Famílias moram em casas com rachaduras
Moradores da comunidade Jardim São Lourenço, em Bayeux, continuam morando em casas ameaçadas de cair a qualquer momento.
Publicado em 24/10/2012 às 6:00
Após terem sido cadastrados a cerca de um ano no programa federal de habitação a fim de serem contemplados com casas populares do 'Minha Casa, Minha Vida', moradores da comunidade Jardim São Lourenço, em Bayeux, localizada na Grande João Pessoa, continuam morando em casas rachadas e ameaçadas de cair a qualquer momento. A prefeitura municipal afirma que a construção de 2.040 casas no município ainda não iniciou por desistência da construtora e que uma nova licitação já foi iniciada.
De acordo com informações dos moradores, cerca de 200 famílias passam por situação de risco todos os anos, principalmente no período das chuvas, quando as casas são acometidas de alagamentos que causam rachaduras nas casas.
No entanto, os problemas continuam no decorrer do ano e apesar do verão estar próximo, em algumas moradias a marca da água na parede permanece, a exemplo da casa do pescador Roberto da Silva, 28 anos. “Todos os anos sofremos com as enchentes, dessa vez a água chegou a um metro de altura, que apesar de já estarmos em outubro a marca ainda aparece, além das rachaduras que ainda não tivemos condições de reparar”, afirmou.
Roberto da Silva mora com mais três adultos e duas crianças e ressaltou que a situação em sua casa é difícil, pois ele sobrevive da pesca, o que não lhe rende muito, já que “nem sempre a maré está boa”. “Nós temos que continuar morando aqui mesmo com essas rachaduras porque não temos para onde ir. A prefeitura fez o nosso cadastro no ano passado no 'Minha Casa, Minha Vida', mas enquanto essas casas não saírem nós não temos para onde ir. Infelizmente é um risco que corremos”, lamentou.
Já a aposentada Josefa Maria de Araújo, 67 anos, disse que quando surgem as rachaduras causadas pelo alagamento, ela mesmo providencia, junto à família, o reparo nas paredes. “Não adianta ficar esperando por prefeitura, senão é capaz da casa cair por cima da gente. Então, nós mesmo fazemos o conserto.
Pode olhar que a casa está toda remendada”, pontuou, acrescentando que também foi inscrita no programa federal de habitação, mas até agora não obteve resposta.
A assistente social da Prefeitura de Bayeux, responsável pelo Setor de Habitação, Maria Eunice da Silva, disse que as 1.700 famílias já foram visitadas e cadastradas no programa 'Minha Casa, Minha Vida' em todo o município, sendo que as famílias desabrigadas e em área de risco, além de idosos e deficientes foram priorizados, mas que a construção das casas ainda não foram iniciadas por desistência da construtora contratada para o serviço. “Devido à mudança no programa, por parte do governo federal que incluiu a colocação de cerâmica nos banheiros e cozinha, por exemplo, o que encareceu a construção, por isso a empresa contratada desistiu da obra, devido à diferença de valores, dada posteriormente à licitação”, explicou.
Maria Eunice da Silva disse ainda que segundo a Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), uma nova licitação foi aberta, mas não há previsão para o início da construção. “Nós já temos o terreno, que fica localizado no bairro Mário Andreazza, mas estamos aguardando a contratação de uma nova empresa e posteriormente a ordem de serviço do Estado”, destacou.
Ao concluir, a assistente social lembrou que anteriormente o programa do governo federal era previsto por Estados, mas que nesse novo modelo o projeto foi fracionado em município, onde na Paraíba as construções são iniciadas por João Pessoa e seguidas por Santa Rita e Bayeux.
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