VIDA URBANA
Famílias não vão sair de áreas de risco
Com a previsão de serem relocados apenas em agosto, moradores do Timbó e do São José enfrentarão mais um período chuvoso
Publicado em 29/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:20
As 191 famílias residentes em áreas de risco do bairro São José e comunidade do Timbó, em João Pessoa, enfrentarão mais um período chuvoso sem a relocação para locais seguros. De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o período de maio até julho concentrará as chuvas mais intensas na capital e em todo o Litoral paraibano. No entanto, a previsão é que os moradores dessas comunidades sejam transferidos das áreas condenadas somente a partir de agosto, conforme informado pela Defesa Civil Municipal.
O bairro São José é o que concentra o maior número de pessoas em situação com risco de acidentes. Conforme a Defesa Civil, são 146 famílias cadastradas morando próximo ao rio Jaguaribe, que passa por todo o bairro, e a barreiras. Aos 70 anos, a aposentada Ana Maria da Silva mora há quase 40 no bairro e conta que já enfrentou muitos problemas durante o período das chuvas. Mesmo com a casa identificada pela Defesa Civil para relocação e cadastro na prefeitura, a idosa lamenta não saber quando estará morando em um local seguro.
“Da última vez que choveu forte aqui, minha geladeira ficou boiando. Também perdi dois colchões. A gente passou os dados e tudo, mas desde esse tempo não recebemos resposta da prefeitura”, disse. A dona de casa Lucilene de França também enfrentou o mesmo drama de Ana Maria. Morando às margens do rio Jaguaribe, ela conta que quando chove e o rio transborda a água suja invade a residência e alcança até meio metro de altura.
“Aqui é uma tristeza. No ano passado, a água do rio tomou conta da rua e para eu levar as crianças na escola tive que ir pela barreira, que também estava escorregando. Esse ano vai ser a mesma coisa se a gente continuar por aqui”, lamentou.
Já na comunidade do Timbó, segundo a Defesa Civil, seriam cerca de 45 famílias morando em áreas que sofrem com inundações e cuja estrutura das casas pode ficar comprometida por causa das chuvas.
Os moradores do São José e do Timbó revelaram ainda que equipes da prefeitura têm feito a limpeza nos rios que passam pelos respectivos locais. O diretor de Minimização de Desastres da Defesa Civil do município, Alberto Sabino, informou que este procedimento é uma das ações que o órgão realiza, desde o mês de janeiro, nas áreas consideradas de risco da capital.
“Elaboramos um cronograma de atividades nas áreas de risco e também nos setores da cidade que apresentam pontos de alagamentos, como regiões do Centro, Beira Rio, Bancários. No momento, estamos fazendo a limpeza nas galerias e nos rios Jaguaribe, Timbó e Cuiá, que são os que apresentam o maior número de pessoas morando no entorno”, explicou.
Alberto Sabino informou ainda que os moradores das comunidades Tito Silva, na Torre, e Saturnino de Brito, em Jaguaribe, também estão sendo monitorados e que foram colocadas lonas de proteção nas barreiras que rodeiam as comunidades. O mesmo procedimento foi tomado em um trecho da BR-230, no bairro do Castelo Branco.
PROJETO EM EXECUÇÃO
A secretária de Habitação Social de João Pessoa, Socorro Gadelha, informou que as 45 famílias do Timbó receberam o auxílio aluguel e deixaram as moradias antigas. Ela adiantou ainda que o projeto para a construção de um condomínio que abrigará essas famílias já está em execução. Contudo, não informou o prazo para a entrega das novas casas.
Quanto aos moradores do São José, a secretária disse que a responsabilidade para relocação das famílias do local é da Secretaria de Planejamento do município (Seplan), que eles devem ser contemplados em um projeto para a revitalização do bairro.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato telefônico com o secretário da pasta, Rômulo Polari, e com a assessoria de comunicação do setor. Mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
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