VIDA URBANA
Famílias perdem casas em CG
Justiça determinou demolição de sete imóveis construídos a menos de 15 metros da linha férrea em Campina Grande.
Publicado em 29/08/2012 às 6:00
Mais de 100 famílias que moram em duas ruas no bairro do Tambor, Rua Nova e Rua 24 de Maio, em Campina Grande, estão prestes a ser despejadas de seus imóveis ou perder parte do terreno onde a residência foi construída, já que uma ação de reintegração de posse foi concedida à empresa ferroviária Transnordestina.
Com isso, a 9ª vara da Justiça Federal na Paraíba determinou que sete casas da Rua 24 de Maio sejam demolidas na próxima segunda-feira, já que os imóveis foram construídos a menos de 15 metros da linha férrea que corta a cidade. As demais casas ainda vão esperar o encerramento do processo.
A decisão judicial deixou Hildebrando Rodrigues, 60 anos, que mora na Rua Nova, sem saber o que fazer, já que ele e a esposa, Maria José da Silva, 56 anos, juntaram R$ 5 mil e compraram o imóvel onde vivem há mais de dois anos.
Ambos afirmaram que têm um documento de posse da residência, mas que sabem que parte da casa está dentro do limite de posse da empresa que detém o transporte ferroviário que passa em Campina Grande.
“Nós já comparecemos a uma audiência na Justiça, mas foi para apresentar testemunhas que comprovam que nós moramos aqui e compramos o imóvel de forma legal. Recebemos um telegrama sobre esse problema da invasão do terreno, mas até agora não veio ninguém medir o terreno”, disse a dona de casa Maria José, que confirmou que se for obrigada a sair do imóvel, não terá para onde ir, já que ela e o marido estão desempregados atualmente.
A situação de Elenilda Marinho, 28 anos, é ainda mais angustiante. Há cerca de dois anos ela saiu do aluguel para construir sua casa na Rua 24 de Maio. Contudo, a residência dela é uma das sete primeiras que podem ser derrubadas por ter sido erguida em uma área irregular. “Deixaram que a gente construísse, fizesse ligação de água e energia, e agora eles querem nos retirar da nossa casa. Estão há muito tempo com essa ameaça e agora está perto de acontecer. Eu não sei o que fazer com minha família se segunda-feira chegar um trator aqui e for derrubar tudo”, destacou Elenilda.
Para a defensora pública Diana Freitas Andrade, que está auxiliando juridicamente as famílias que estão inclusas nesse processo, essa decisão de demolição não demonstra interesse público, já que irá atingir uma minoria que não irá atender todas as reivindicações da empresa que move a ação. “Nossa proposta é que a Transnordestina aguarde o término do processo para que haja uma visão global sobre a construção e possível demolição das casas. Até agora não foi feita nenhuma perícia e se as demolições acontecerem será uma injustiça sem igual com essas famílias”, destacou a defensora.
A equipe de reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com os responsáveis pelo departamento jurídico da empresa Transnordestina, mas eles não quiseram se pronunciar sobre a reintegração de posse do terreno no bairro do Tambor.
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