VIDA URBANA
Fernanda morreu por pedras de crack
Vizinho da família confessou ter matado Fernanda Ellen na tentativa de conseguir dinheiro para consumir mais drogas.
Publicado em 10/04/2013 às 6:00
“A vida de Fernanda Ellen foi trocada por quatro pedras de crack”. A afirmativa é do delegado Aldrovilli Grisi, responsável pelas investigações do desaparecimento da menina de 11 anos. O corpo da criança chegou a ficar escondido por dois dias embaixo da cama onde o acusado do crime, Jefferson Luís Oliveira Soares, 25 anos, dormia com a esposa.
Durante três meses e um dia, o corpo da menina desaparecida, que consternou todo o Estado, estava escondido na casa da Quadra 190, Lote 265, a pouco mais de 10 metros da residência em que a vítima morava, no bairro Alto do Mateus, em João Pessoa. Os restos mortais da estudante foram encontrados na noite da última segunda-feira. O acusado foi preso em flagrante pelo crime de ocultação de cadáver.
No final da tarde de ontem, o juiz da 3ª Vara Criminal de João Pessoa, Wolfram da Cunha Ramos, concedeu o mandado de prisão preventiva pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) contra Jefferson Luís.
Em depoimento ao GOE, o suspeito revelou que estava em frente de sua residência quando Fernanda Ellen retornava da escola na tarde do dia 7 de janeiro deste ano. Ele pediu por favor para que a menina fosse até ele e quando ela se aproximou o acusado, que estaria sob efeito de entorpecentes, exigiu que lhe desse dinheiro. A garota reagiu, ele anunciou que ela estava sequestrada e quando a menina começou a gritar foi estrangulada pelo suspeito. O corpo da menina foi colocado embaixo da cama do acusado.
“Em razão da grande movimentação que acontecia na rua após o desaparecimento da menina, ele não conseguiu se desfazer do corpo, então o enrolou em uma lona de piscina e deixou no quarto. A esposa dele chegou a deitar na cama”, explicou Aldrovilli Grisi. No mesmo dia em que teria assassinado a menina, o suspeito forjou uma discussão com a esposa, que foi dormir na casa da mãe, enquanto o suspeito continuou consumindo drogas.
Dois dias após ter sido assassinada, o corpo de Fernanda Ellen foi enterrado durante a madrugada, pelo próprio suspeito, em uma cova rasa, no quintal da residência. O buraco foi cavado com o auxílio de uma colher de pedreiro, para não chamar a atenção dos vizinhos “Ele não é psicopata. Ele é frio e calculista e suas próprias condutas revelam isso. É um homem nervoso, com ações titubeantes”, afirmou o delegado.
O celular de Fernanda Ellen foi peça fundamental para que a polícia conseguisse chegar ao autor do assassinato. O aparelho foi encontrado em uma residência no conjunto Colinas do Sul, que funcionava como depósito de aparelhos que seriam utilizados no sistema penitenciário. A partir disso, a Polícia Civil fez uma cadeia regressiva de receptação do aparelho, o que levou a uma mulher que recebeu o celular da menina em uma pousada na Rua da Areia, Centro de João Pessoa. “Essa testemunha revelou que recebeu o celular em troca de cinco pedras de crack. Ela fez um retrato falado do homem que entregou o celular e deu um grau de 90% de semelhança. Hoje ela está sob proteção policial e passa por tratamento de desintoxicação”, explicou Grisi, ressaltando que a polícia já havia recebido informes de que o responsável pelo desaparecimento da menina residia muito próximo à família da vítima. (Colaborou Luzia Santos)
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