VIDA URBANA
Homem faz 'vaquinha' para ajudar motorista assaltada em frente a sua casa
Para comemorar seu aniversário, Petrônio pediu a amigos e parentes um presente 'diferente'.
Publicado em 13/10/2020 às 7:42 | Atualizado em 13/10/2020 às 15:48
“Meu primeiro assalto foi um dia para eu não esquecer nunca mais na vida. Esse também. Mas não vai ser isso que vai me fazer parar de trabalhar. E, na verdade, tento ver isso pelo lado positivo: ele acabou me fazendo conhecer várias pessoas boas e ver que ainda existe gente do bem no mundo”, conta a motorista de aplicativo, Tayanne Monteiro. Ela, cujo carro foi roubado no último sábado (3), foi pega de surpresa, também, por um outro evento, mas, dessa vez, positivo: o funcionário público Petrônio Cunha, que presenciou o assalto da janela de sua casa, criou uma campanha de arrecadação de dinheiro no dia do seu aniversário para dar de presente a Tayanne uma parte do conserto do veículo, que foi encontrado no domingo (4) extremamente danificado. A 'vaquinha' pode ser acessada clicando aqui. Segundo Tayanne Monteiro, que é motorista de aplicativo há dois anos, ela estava finalizando a última corrida do dia quando foi abordada pelos bandidos, com arma em punho, mandando ela descer. “O susto foi tão grande que eu desci até descalça. A sandália ficou no carro. Fiquei desesperada, mas Petrônio, que eu nunca tinha visto, apareceu para me ajudar. Ele se prontificou a me levar a um posto policial, me emprestou seu celular para eu entrar em contato com a minha família, e depois ainda tive essa notícia maravilhosa: que ele tava fazendo essa ‘vaquinha’, relata. Já o funcionário público Petrônio Cunha conta que a experiência de ter vivenciado um sequestro relâmpago há pouco mais de um mês fez com que ele ficasse mais atento aos sinais da violência. "Ainda está muito vivo em mim aquele momento. Os bandidos aproveitaram que eu tinha acabado de entrar no carro e me abordaram. Foi praticamente meia hora de terror. Eles praticaram um assalto, enquanto eu tava dirigindo e depois pediram que eu deixasse eles na BR. Toda vez que escuto algum barulho mais forte, meu coração dispara", diz. Na noite do último sábado, Petrônio estava estudando quando escutou barulhos estranhos vindos da rua. "Pulei pra janela a tempo de ver os caras entrando no carro e disparando sabe Deus pra onde. Ainda pensei se não era eu que ainda tava impressionado com os dois assaltos que sofri, mas o carro deu uma ré muito brusca", conta. Após ter prestado a ajuda à motorista, Petrônio, no entanto, ainda ficou frustrado. "Eu queria ajudar ela a recuperar, mas não tinha como. No domingo, recebi a notícia de que o carro havia sido achado, mas muito danificado. Era meu aniversário. Foi aí que resolvi envolver a família, colegas de trabalho, amigos, e saí mandando áudio e pedindo: 'é meu aniversário e eu quero pedir um presente'. Só que o presente não era para mim", relembra. Para ela, porém, mais do que a ajuda, o apoio de Petrônio fez com que ela se sentisse inspirada a ajudar outras pessoas. “O que ele fez é inexplicável. Faz a gente acreditar que ainda existe gente boa no mundo e que por mais que coisas ruins possam acontecer o importante é que as pessoas de bom coração se unam e ajudem umas as outras”, declarou. Petrônio, por sua vez, acredita que gestos de solidariedade como o dele ajudam a combater a sensação de injustiça causada pelos bandidos. "Quando ela perguntou como podia me agradecer, só pedi a ela que sempre que puder ajude alguém que tá numa situação difícil. Quando a gente faz a nossa parte, as pessoas em volta percebem isso e de alguma forma as coisas dão certo", concluiu.
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