Hospital da FAP vai ganhar novo equipamento para tratar câncer

“Só quem passa, sabe. O paciente e a família. O tratamento não é fácil e rápido, às vezes, uma luta sem data para terminar bem. Cada dia de vida a mais para um paciente de câncer é uma vitória, já a cada dia sem tratamento, vem o medo constante da morte, da debilidade, que pode chegar a qualquer momento. As forças vão se perdendo ao longo do tempo, é difícil falar.”

A declaração é da estudante Poliana Barros (nome fictício), de Campina Grande, cujo pai faleceu há menos de 15 dias. Ele possuía um câncer na tiroide que se espalhou por outras partes do corpo. Com a demora no tratamento, aproximadamente dois meses, as chances de vida do pai de Poliana foram se esgotando, e mesmo depois de 20 sessões de radioterapia, ele veio a óbito.

Situações como essa causam grande sofrimento a familiares, principalmente em relação à demora no início do tratamento. No entanto, essa realidade pode mudar em Campina Grande, pois a Fundação Assistencial da Paraíba (FAP) será o primeiro hospital do país a ser contemplado com um novo acelerador linear, equipamento radioterápico destinado ao tratamento de pacientes com câncer, através do plano de expansão da radioterapia, do Ministério da Saúde (MS). A FAP possui apenas uma máquina desse tipo, que foi adquirida há cerca de oito anos.

A instalação do novo acelerador terá um investimento na ordem de R$ 5 milhões. A ordem de serviço para a construção e instalação do equipamento foi assinada na manhã de ontem, na sede do Hospital da FAP, em Campina Grande. A previsão é de que o novo acelerador comece a funcionar no início de 2016. A área destinada à instalação tem cerca de 198 metros quadrados. Na Paraíba, apenas a cidade de Campina Grande receberá o equipamento.

Através da instalação, o hospital, que é referenciado para atender Campina Grande e mais 190 municípios da região, vai conseguir agilizar e ampliar o atendimento aos doentes. Atualmente, 120 pacientes realizam tratamento radioterápico contra o câncer na unidade, e a espera para o início do tratamento dura aproximadamente 30 dias, demora que deve ser reduzida pela metade, afirmou o diretor técnico da FAP, Júlio César.

“Indiscutivelmente temos um serviço hoje em Campina Grande que é sobrecarregado, e ficamos satisfeitos e esperançosos em poder atender os doentes de forma mais rápida e com qualidade a partir do momento que dispormos das duas máquinas. A ação de agendar um paciente para um tratamento posterior, aguardando que outro paciente conclua o tratamento para que ele possa iniciar, é uma coisa muito difícil”, comentou.

RADIOTERAPIA AOS SÁBADOS
Atualmente, com a grande demanda no Hospital da FAP, não há como incluir novos pacientes nas sessões de radioterapia, relatou o diretor técnico da unidade, o que leva a um adiamento do tratamento, ou, quando há possibilidade, o paciente tem que procurar outro hospital.

Já com a chegada do novo equipamento, segundo o diretor, o serviço de radioterapia também será aberto aos sábados e haverá mais segurança e eficácia no tratamento. “Atualmente não é disponibilizado porque o tratamento aos sábados deixaria a máquina exausta. Quando essa máquina quebra é um sofrimento pra nós, porque precisamos dela funcionando, e mais ainda para o paciente, que tem um vínculo com a máquina da radioterapia. Ele tem que fazer, ele depende disso. Isso é um conforto para o profissional que trabalha com esses pacientes e mais ainda para a família”, ressaltou.
Expansão

O Plano Nacional de Expansão da Radioterapia do Ministério da Saúde vai ampliar e instalar equipamentos de radioterapia em todo o país, e o Hospital da FAP foi o primeiro a ser contemplado com o projeto em virtude da demanda e da referência da unidade. Conforme o coordenador geral de equipamentos e materiais de uso em saúde e gerente de expansão do plano, Paulo Henrique Dantas Antonino, serão 80 novos aceleradores lineares em todo o país, 40 unidades em expansão e outras unidades recebendo o equipamento pela primeira vez.