Idosos enfrentam dificuldades de locomoção nas ruas de João Pessoa

Por causa dos problemas de saúde, aos 63 anos, o aposentado Joamar Barbosa Nascimento só sai de casa no bairro José Américo, em João Pessoa, para resolver questões essenciais. Em 2009, ele quebrou o fêmur, uma platina foi colocada no osso e a sua perna direita diminuiu alguns centímetros. Por se locomover com um andador, o aposentado tem muita dificuldade em atravessar a rua, subir ou descer de calçadas e fica impossibilitado de realizar tarefas simples, como pagar uma conta no banco, por exemplo. “Eu só vim para resolver a minha documentação do INSS. Mas minha família me deixou aqui de carro e pra atravessar a rua, preciso pedir a ajuda de alguém. Do outro lado da rua tem uma rampa de acesso, mas aqui não tem a menor condição. A calçada é muito alta”, relata.

Joamar é um dos 508 mil idosos que, segundo o Censo de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem na Paraíba. Muitos, assim como Joamar, chegam a se isolar em casa por não ter condições de sair sem ter a sua saúde prejudicada. Segundo a pesquisa do IBGE realizada em 2008, João Pessoa tem 61,7 mil idosos, onde a maioria se encontra nos bairros do Centro, Jaguaribe e Pedro Gondim.

A arquiteta Marcella Portela, que tem uma dissertação de mestrado sobre a acessibilidade para os idosos em espaços públicos de João Pessoa, afirma que embora a discussão de acessibilidade tenha avançado nos últimos anos, ainda falta muito para chegar a uma plataforma ideal para beneficiar a população idosa. “Faltam profissionais comprometidos para realizar projetos acessíveis, desde o arquiteto até o servente de pedreiro que vai executar a obra. Os órgãos públicos também precisam fiscalizar se as calçadas e praças atendem a norma”, afirma Portela.

O Controle Urbano da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) é responsável pelo controle sobre as irregularidades aferidas nas calçadas de propriedade privada da capital. As calçadas privadas de João Pessoa são de responsabilidade de cada proprietário que deve seguir as normas estabelecidas pelo órgão. A largura das calçadas é dimensionada em função das larguras das vias e podem variar de 1,50 a 4 metros. Já as rampas para deficientes devem ter a largura mínima de 1,20 m e inclinação máxima de 8,33%. Ainda segundo a Seplan, as calçadas devem ser conservadas e limpas pelo proprietário, que precisam realizar a reparação quando necessária. O Controle Urbano da Seplan fiscaliza as irregularidades de calçadas e obras e as denúncias podem ser feitas pelo telefone 3218-9172 .