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VIDA URBANA

João Pessoa é a 10ª capital com mais homicídios de adolescentes

Pesquisa divulgada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 533 adolescentes devem morrer na Paraíba até 2012 nas três maiores cidades do Estado.

Publicado em 22/07/2009 às 9:30

André Gomes e Bartolomeu Honorato
Do Jornal da Paraíba


Uma pesquisa divulgada ontem pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mostra que João Pessoa está entre as dez capitais mais violentas do país. O estudo mostra que até 2012 devem morrer, vítimas de homicídio na capital paraibana, 278 adolescentes com idade entre 12 e 18 anos, possivelmente por arma de fogo. Os números tiveram como base a população de 99.994 adolescentes e mostrou que a capital tem um Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) de 2,78%. João Pessoa fica atrás apenas de Maceió, Recife, Rio de Janeiro, Vitória, Porto Velho, Belo Horizonte, Cuiabá, Macapá e Curitiba.

De acordo com a pesquisa divulgada ontem pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 533 adolescentes devem morrer na Paraíba até 2012 nas três maiores cidades do Estado. No país, correm risco de morte 33.504 adolescentes. Os números apontam além de João Pessoa, Campina Grande e Santa Rita como as cidades paraibanas mais violentas.

O estudo realizado em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ) aponta que a cidade de Santa Rita apresenta a maior estimativa de mortes de adolescentes entre 12 e 18 anos. Serão 84 mortos em uma população de 19.791. Baseado nesse número, o município apresenta um Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) de 4,22%.

A triste estatística do Unicef é confirmada em João Pessoa. No último dia 14, dois primos foram assassinados a tiros na comunidade São Rafael, no bairro Castelo Branco. José Wilton da Silva, 18 anos, e o primo Wolgan da Silva, 19 anos, morreram dentro de um bar enquanto se divertiam com amigos. O avô dos dois rapazes, Raimundo Rodrigo, de 74 anos, suspeita que a causa da morte dos netos teria envolvimento com tráfico de drogas.

“Dizem que eles estavam envolvidos com isso. Mas não sei se é verdade. O que eu sei é que sinto a falta deles. Eu ando triste e deprimido porque eles não estão mais comigo”, desabafou o avô. Ele contou que os suspeitos do assassinato entraram na favela em uma moto preta e fugiram rapidamente após o crime.

Conforme o levantamento, o município de Campina Grande aparece logo atrás com um IHA de 2,97%, tomando por base a população de adolescentes que é de 57.666. É estimado que 171 adolescentes morram vítimas de violência na Rainha da Borborema. Se comparado apenas às cidades paraibanas, João Pessoa é a que aparece com os índices mais baixos, sendo o IHA de 2,78%. Tomando por base os dados nacionais, João Pessoa aparece na 74ª colocação em números de adolescentes que devem morrer até 2012.

Para o conjunto das populações dos municípios considerados, o risco de morrer vítima de homicídio cometido por armas de fogo é três vezes maior do que o risco de ser assassinado por outros meios. Entre os 27 Estados brasileiros, a Paraíba configura a quinta colocação em morte por arma de fogo, com um percentual de 4,6%. Esse risco é maior em alguns Estados do que em outros e depende das dinâmicas sociais de cada lugar. A Paraíba fica atrás apenas dos Estados do Rio de Janeiro (6,2%), Alagoas (6%), Pernambuco (5,2%), Espírito Santo (5,1%).

Na tarde de ontem, o secretário de Estado da Segurança e Defesa Social, Gustavo Gominho, foi procurado pela redação do JORNAL DA PARAÍBA para comentar sobre o levantamento do Unicef. A assessoria de imprensa da secretaria informou que ele não podia conceder entrevistas porque estava numa reunião. Contudo, o comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, Getúlio Bezerra, disse que a PM tem realizado ações de combate à criminalidade nos bairros do Valentina, Mangabeira, Bancários, José Américo e Castelo Branco.

“Nós fizemos um mapeamento dos bairros para identificar áreas críticas de violência. Agora, estamos fazendo operações policiais, inclusive ocupação de favelas. Nas ações, os policiais abordam pessoas à procura de suspeitos de envolvimentos em crimes nos bairros. Também fazemos abordagens de passageiros nos ônibus”, explicou o comandante do 5º Batalhão. Getúlio Bezerra disse que está programada uma operação na região do 5º Batalhão, que vai começar na próxima quinta-feira e só termina no domingo. O objetivo é encontrar acusados de participação criminosa na capital.

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Jornal da Paraíba

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