VIDA URBANA
JP pode ter a maior incidência de chuvas dos últimos 7 anos
Média de 82,7 milímetros de chuva para todo o mês de janeiro foi superada em apenas três horas, deixando o saldo de 60 famílias desabrigadas.
Publicado em 28/01/2011 às 10:00
Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba
Os estragos provocados pelas chuvas na semana passada em João Pessoa deixaram a população assustada e as autoridades em alerta. A média de 82,7 milímetros de chuva para todo o mês de janeiro foi superada em apenas três horas, deixando o saldo de 60 famílias desabrigadas.
O acumulado até a quinta-feira (27) segundo informações obtidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é de 218 milímetros, quase três vezes mais que o esperado. O alerta deve continuar, pois a previsão é de chuvas até o mês de março. Na capital ainda deve ocorrer o pico máximo de chuva, que é de 100 milímetros no intervalo inferior a 24 horas.
Na quarta-feira da semana passada choveu 89 milímetros e a cidade praticamente parou: trânsito congestionado, casas derrubadas e famílias perdendo tudo em comunidades que ficam em áreas de risco.
“Teremos a diminuição da intensidade entre o final de janeiro e início de fevereiro, mas possivelmente volta a chover forte em João Pessoa”, explicou o meteorologista Ednaldo Correia, chefe da seção de previsão do Inmet. Segundo ele, as fortes chuvas foram consequência de uma faixa de nebulosidade que se posiciona na zona norte do Oceano Atlântico.
“Quando a faixa muda de posição, as chuvas enfraquecem, como está acontecendo agora no final de janeiro”, afirmou. A previsão é que 2011 seja um ano chuvoso em toda a Paraíba. Até então, os anos com maior intensidade de chuvas eram 2000 e 2004, quando houve a Tragédia de Camará, no município de Alagoa Grande. No ano passado, segundo o Inmet, a Paraíba registrou chuvas 50% abaixo do normal. Em João Pessoa, o registro foi de 60% a menos que o esperado. Nas demais áreas do Estado, as chuvas estão dentro da normalidade.
Ednaldo Correia informou que chuvas com intensidade de moderada a forte na Região do Semi-Árido paraibano são esperadas entre os meses de dezembro a abril. “Essa chuva é a esperança dos agricultores, porque depois desse período, as chuvas tendem a diminuir”, disse. “É um ano com chuva normal. Os anos anteriores é que estavam abaixo da média prevista”, frisou o meteorologista.
A intensidade de chuvas nas capitais do Nordeste também acontece em Natal (onde choveu 600 milímetros, com média de 60mm) e em Fortaleza, onde o acumulado está também em 600 milímetros, superando a média de 126mm. Em relação à João Pessoa, ele explicou que é preciso ter continuidade nas chuvas em fevereiro e em março. “Se isso não ocorrer, fica o desequilíbrio”, afirmou.
Na Agência Executiva da Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), a meteorologista Marli Bandeira explicou que as chuvas ocorridas em João Pessoa são decorrentes da junção de três fatores: alta temperatura, alta umidade do ar e presença do vórtice ciclônico de ar superior. Na Aesa, o acumulado de chuvas na capital é de 155,8 milímetros, abaixo dos dados repassados pelo Inmet. No mesmo período do ano passado, segundo Marli, choveu 115,5 milímetros; durante os 31 dias de janeiro de 2011, foram 120,2 milímetros.
O mês com maior precipitação de chuvas em João Pessoa foi junho, com 250,5 milímetros, conforme Marli Bandeira. Hoje, na capital, segundo previsão do Inmet, o céu deve ficar nublado, com pancadas de chuva. A temperatura ficará estável, com máxima de 29 ºC e miníma de 25 ºC. Para amanhã, o tempo deve ficar nublado a parcialmente nublado com chuvas isoladas. A temperatura pode variar entre 30 ºC e 25 ºC.
As previsões reforça o alerta nas comunidades que ficam em áreas de risco em João Pessoa, onde há 34. O técnico da Defesa Civil municipal, Alberto Sabino, disse que o órgão está em constante estado de alerta e desde o início do mês já recebeu 85 chamadas da população, sendo a maioria referente à alagamentos. A colocação de lonas em barreiras, segundo o técnico, deve ocorrer nas próximas semanas, “se a chuva der trégua”. A atenção é maior nas comunidades do Riachinho, no Jardim Treze de Maio, e no Porto de João Tota, em Mandacaru.
O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, anunciou a construção de 400 casas para a relocação de famílias que vivem nas comunidades Saturnino de Brito, Santa Emília de Rodat e Renascença, onde a situação também é crítica pelos riscos de desabamentos. O investimento está previsto em R$ 23,7 milhões. As ações preventivas são contínuas em todas as áreas consideradas de risco. Emergências devem ser comunicadas através do telefone 0800-285-9020 (ligação gratuita).
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