VIDA URBANA
Mãe lembra 18 anos de Rebeca nesta quinta
É uma data para não se comemorar”, declarou Teresa Cristina. Morte da estudante, em 2011, continua sem um culpado.
Publicado em 25/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:25
Uma mesma cena se repete há 2 anos, 3 meses e 15 dias. Teresa Cristina, mãe da estudante Rebeca Cristina, aguarda no portão de casa a chegada da filha, depois de um dia normal de escola. Entretanto, Rebeca não voltará mais. Ela foi brutalmente morta, aos 15 anos, após ter sido violentada sexualmente, no dia 11 de julho de 2011, no trajeto entre casa e o Colégio da Polícia Militar, em Mangabeira VIII, em João Pessoa. Se estivesse viva, Rebeca teria completado 18 anos neste dia 25 de outubro. “É uma data para não se comemorar”, declarou Teresa Cristina.
A mãe de Rebeca relatou que tanto no início, como no término do turno escolar em que a filha estudava, fica na frente de casa observando outras alunas do colégio militar, lembrando de Rebeca. “Não consigo sair do portão no horário da escola. Vejo as mocinhas passando e procuro no olhar de alguma delas encontrar Rebeca. Quando vejo de longe as cores da farda da escola, meu coração se enche de amor à espera da minha filha. É uma dor que não tem fim”, disse sem conter a emoção.
“São mais de dois anos e até agora não tem nada de concreto, apenas o DNA da minha filha e do criminoso. Mais nada. Não sei mais a quem recorrer, somente Deus para me confortar”, completou. O responsável pelo estupro e morte da estudante continua sem identificação. Está impune.
Segundo Teresa Cristina, à medida em que os dias vão se passando, a esperança de que o autor do crime seja encontrado diminui. “Eu que estou pagando a pena perpétua por ter perdido a minha filha”, frisou. “Se ela estivesse viva estaria completando 18 anos. Imagino como ela estaria, sua fisionomia nessa fase, quase adulta. Mas alguém a tirou de mim e está impune até agora. Eu que sofro as consequências, chorando e tomando remédio todos os dias”, acrescentou.
Teresa relatou que o sofrimento e a falta que sente da filha cresce diariamente e que a possível prisão do acusado não irá diminuir a dor que sente. “Minha filha não vai voltar, mas pelo menos a justiça seria feita. Com ela, foi embora a metade de mim. Foi um tiro de 380 na nuca da minha filha que, naquela mata, silenciou a sua vida”
A mãe de Rebeca destacou que o crime contra a filha parece estar sem solução. “Se não fosse Deus, primeiramente, a medicina e a imprensa eu já teria me acabado porque espero por uma resposta que não vem. Há muita coisa desencontrada para mim que sou mãe", ressaltou.
QUATRO DELEGADOS PASSARAM PELO CASO
No período de pouco mais de dois anos, desde o estupro e homicídio da adolescente Rebeca Cristina, quatro delegados civis já estiveram à frente do caso, mas há cerca de cinco meses, as investigações passaram a ser de dedicação exclusiva do delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, Glauber Fontes. Para ele, esse caso se trata de um crime de poucas informações. “A polícia continua trabalhando, o último exame de DNA, por exemplo, foi realizado na semana passada e estamos aguardando o resultado de outros exames. Até o momento, a população não ajudou em nada e isso tem dificultado as investigações, pois sabemos pouco sobre o crime”, destacou.
Entretanto, o delegado ressaltou que a polícia acredita na possibilidade de pelo menos uma pessoa ter testemunhado a prática delituosa, mas que permanece em sigilo. “Alguém viu esse crime e está o guardando até hoje, provavelmente por medo, receio. É importante dizer que quem ligar para o nosso 197, para passar informações precisas e verdadeiras receberá uma recompensa em torno de R$ 5 mil, além de que o 197 é totalmente sigiloso, nós não temos como identificar o denunciante, então, não precisa ter medo de falar. Contudo, podemos dizer que as investigações avançaram muito, no que diz respeito aos fatos, mas precisamos do apoio da população para chegarmos ao suspeito”, frisou.
De acordo com Glauber Fontes, as investigações apontam que Rebeca Cristina foi abordada pelo criminoso no caminho da escola, por volta das 7 horas, levada para outro local, onde o estupro foi consumado, conforme laudos periciais – embora ainda não há informações de qual seja esse local, e então, levada para a mata de Jacarapé, onde foi executada com um tiro de pistola calibre 380, na nuca.
Para o delegado, devido às características do crime, o autor demonstra ser uma pessoa experiente na área criminal, mas declarou que a violência cometida contra a jovem não pode ser considerada como crime perfeito. “Alguns suspeitos estão sendo investigados, mas esse é um processo lento, principalmente depois de dois anos do crime. O esclarecimento de um crime como o de Rebeca, que tem uma certa complexidade, que tem causado essa demora na elucidação, não pode ser concluído em pouco tempo, cada crime tem duas particularidades e há um tempo para cada um”, explicou.
“Não é pelo tempo passado que a polícia esqueceu. Queremos sensibilizar essa pessoa que viu para que a polícia consiga elucidar esse crime o quanto antes”, finalizou.
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