VIDA URBANA
Mais de 1,4 mil adolescentes já deram à luz este ano na PB
Números preocupam e são de janeiro a 20 de março. Em 2014, 11.202 meninas de 10 a 19 anos tiveram filho, diz SES.
Publicado em 25/03/2015 às 11:11 | Atualizado em 16/02/2024 às 11:10
“Eu tinha relações sexuais sem nenhum tipo de prevenção e quando soube que estava grávida tomei um susto. Foram várias sensações, fiquei com medo, triste e feliz também”, contou a estudante Maria de Fátima, de apenas 13 anos, que está com 5 meses de gestação. Ela faz parte do universo de adolescentes que engravidaram precocemente. Na Paraíba, 11.202 meninas de 10 a 19 anos deram à luz um filho, somente de janeiro a dezembro do ano passado, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Neste ano, o Sinasc aponta que o número de adolescentes que tiveram filho no Estado já é igual a 1.428, apenas de 1º de janeiro até o último dia 20.
Para Maria Luciene, mãe da adolescente Maria de Fátima, a maior preocupação com a gravidez precoce da filha foi em relação às possíveis complicações durante a gestação e no parto, devido ao corpo da futura mamãe ainda estar em maturação. “Tenho medo que algo aconteça com ela e com o bebê também por conta da pouca idade. Além disso, ela estava namorando com o pai do bebê há apenas 3 meses”, disse.
Já a estudante Myllena Roberta, 15 anos, grávida de 40 semanas, revelou que tomava anticoncepcional injetável para evitar a gravidez, já que mantinha relações sexuais com frequência com o namorado, com quem está há 1 ano e 5 meses. “Teve um mês que não deu para eu tomar a injeção no dia, aí foi quando aconteceu. Meu medo era com a reação dos meus pais e porque ainda estou no 9º ano do fundamental, não sei como farei para terminar os estudos”, disse.
A madrinha Aganice Pontes, que a acompanha no pré-natal, disse que os pais da adolescente não reagiram bem, mas não tiveram outra saída a não ser aceitar e dar apoio. “Eles não esperavam que isso acontecesse tão cedo porque sempre a instruíram e conversavam sobre isso, mas como não dava mais para mudar, teve que acalmar os ânimos e dar apoio no que for preciso”, frisou.
Os dados também alertam para outra situação, ainda mais preocupante do que a gravidez na adolescência, que é a contaminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), já que a grande maioria das jovens mães relatam não fazer uso do preservativo durante as relações com os parceiros.
De acordo com a coordenadora do setor de Saúde da Mulher da SES, Fátima Moraes, o papel da secretaria nas políticas de saúde é de apoiar, articular e estimular os municípios para executar ações de saúde através das Equipes de Saúde da Família, de modo que as atividades de saúde diretas com a população são de competência das secretarias municipais. No entanto, sobre a gravidez na adolescência, especificamente, o governo estadual instituiu, por meio da lei 8.123 de 18 de dezembro de 2006, a Semana Estadual de Orientação sobre Gravidez na Adolescência.
“A programação acontece na primeira semana do mês de maio para promoção de campanhas e eventos, bem como a mobilização da sociedade sobre a temática. Desde então várias ações vêm sendo desenvolvidas, tais como o Seminário Estadual sobre Gravidez na Adolescência e Implantação da Caderneta de Saúde do Adolescente, em João Pessoa”, afirmou.
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