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VIDA URBANA

Mais de 32 mil paraibanos recorrem a remédios controlados para dormir

Na Paraíba, 10,4% das mulheres tomam remédio para domir. Os homens representam 5,7% desse público.

Publicado em 15/03/2015 às 8:38

Depois de um dia cansativo de trabalho e cheio de outros compromissos, o que mais se quer é uma boa noite de sono, mas as pressões rotineiras, caracterizadas por tantas cobranças e responsabilidades deixam o corpo e a mente agitados e acabam contribuindo para um insônia, mesmo que leve. Para mais de 32 mil paraibanos, com 18 anos ou mais, o uso de medicamento foi a alternativa adotada para poder dormir. O dado é da Pesquisa Nacional de Saúde (2013), que revelou uma proporção de 8,2% do total da população do Estado, que utilizou esse tipo de recurso.
Ainda conforme a pesquisa, na Paraíba, as mulheres são maioria no uso de medicamentos para dormir, já que 10,4% delas só conseguiram relaxar e ter uma noite de sono após tomar remédio. Os homens representam 5,7% desse público.
A contadora Maria (nome fictício) estava com dificuldades para dormir devido tantas preocupações e compromissos, típicos de uma mulher que trabalha fora, mas que ao chegar em casa precisa dar conta dos afazeres domésticos, cuidar de filhos e marido. Ao invés de procurar um acompanhamento médico adequado para solucionar o problema, ela preferiu o resultado imediato oferecido pelo medicamento e quase acabou dependente. “Na verdade eu não precisaria de tanto, mas na aflição foi a saída mais rápida que encontrei. Depois de uns 4 meses usando remédio continuamente para dormir, percebi que já não conseguia deitar para descansar naturalmente. Foi aí que me preocupei e busquei um médico, o que deveria ter feito no início e não fiz”, revelou.
“O médico me disse que se eu tivesse suspendido o uso, repentinamente, eu estaria agindo de forma inadequada e poderia ter crises de abstinência. Graças a Deus escapei do pior”, completou.
Para o psiquiatra Hermano Falcone, a sobrecarga de jornada de trabalha sobre as mulheres contribuem para que estas se destaquem no uso de medicamentos para dormir. No entanto, o especialista destacou que as complicações para o organismo atingem ambos os sexos. “O remédio é o último recurso que deve ser usado. Há medicamentos específicos para tratar e controlar o sono, usado por pouco tempo e prescrito por especialistas. Outros medicamentos, como os de tarja preta conhecidos por serem calmantes e tranquilizantes, não devem ser usados para essa finalidade, pois são indicados para tratar a ansiedade”, afirmou.
Hermano Falcone orientou que algumas mudanças no hábito de vida são mais eficazes e menos prejudiciais ao sistema psíquico das pessoas. “O ideal é modificar a alimentação, evitando produtos com cafeína, como o café e refrigerantes, pois alteram o sono, praticar esportes relaxantes, como a yoga, e parar as atividades pelo menos uma ou duas horas antes de ir para a cama. Tomar um bom banho ajuda a relaxar e ter um sono tranquilo”, indicou.
Redes sociais
Segundo o especialista, atualmente está sendo identificada uma crise de insônia por conta das redes sociais, mas principalmente pelo aplicativo que troca mensagens em tempo real. “Com a febre do whatsapp, as pessoas querem acompanhar tudo e ao deitar, deixam o dispositivo ligado a noite toda, tendo várias interrupções no sono, por conta dos sinais emitidos quando chegam novas mensagens. É preciso ter a consciência que há tempo para tudo, inclusive para descansar para que, no outro dia, o corpo e a mente estejam revigorados para uma nova rotina de trabalho e demais atividades, de forma proveitosa”, alertou.
Medicamento 'Tarja preta' deve ser prescrito por um médico
A Agência Nacional de Saúde (ANS) reconhece que os medicamentos de tarja preta, que deve ser prescrito por médicos psiquiatras a pacientes com transtornos de ansiedade ou sinais de síndromes psicóticas, como delírios, alucinações e confusão, entre outros, tornaram-se bastante populares no país. Tamanha procura sinaliza um cenário preocupante para a ANS: o risco da dependência química e psicológica ao tranquilizante. Isso porque muitos parecem esquecer os efeitos negativos associados ao consumo abusivo dos calmantes, que é a dependência, consequência do uso desenfreado e sem orientação médica.
Um relatório do Departamento Internacional de Controle de Narcóticos, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), comprovou que o consumo indevido de remédios controlados é um problema mundial. O consumo abusivo de medicamentos desse tipo é tão grande que já supera a heroína, o ecstasy e a cocaína somados. O Brasil está entre os três maiores consumidores, ao lado de Estados Unidos e Argentina.
Quando o uso passa a ser dependência química
Considerando que os medicamentos são drogas, apesar de lícitas, o uso contínuo e indiscriminado dos mesmos causam dependência química. Por isso, o Estado oferece Centros de Atenção Psicossocial para Dependentes de Álcool e outras Drogas (CAPSs AD) para o tratamento gratuito dos dependentes. O CAPS AD III, em João Pessoa, é responsável por cerca de 60% de todo os atendimentos na Paraíba, segundo a direção do local.
Segundo a ANS, o uso indiscriminado de medicamentos tranquilizantes, podem gerar a dependência química, cujo processo é semelhante ao gerado por drogas como álcool e cocaína, sendo em menor proporção, e a dependência psicológica, onde o uso prolongado torna a pessoa dependente da substância para responder a determinados estímulos, como por exemplo, dormir bem.
Onde buscar ajuda
O CAPS é um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada, cujo público específico são os adultos, mas também podem atender crianças e adolescentes, desde que observadas as orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os CAPS oferecem atendimento à população, realizam o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, terapias em grupo com a realização de trabalhos manuais, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), os CAPSs também são adequados para atender os usuários em momentos de crise, oferecendo acolhimento noturno por um período curto de dias (AD III), como acontece no CAPS AD III, localizado no bairro da Torre, em João Pessoa, onde a diretora da unidade, Marileide Martins, afirmou que mais de 500 usuários são atendidos. “Apesar de oferecermos o acolhimento durante à noite, o Caps não é casa de acolhida. Aqui iniciamos o tratamento de desintoxicação com terapia medicamentosa em casos avançados e o psicoterápico, que pode ser em grupo ou individual, com uma equipe multiprofissional”, disse.
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Jornal da Paraíba

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