Mais de 90% dos casos de lavagem de dinheiro são feitos com uso de 'laranja'

"Um estudo a autoridade financeira australiana revela que mais de 90% dos casos de lavagem de dinheiro no mundo são feitos através do que se chama de 'self laundry', ou seja, você mesmo lava seu dinheiro através de um funcionário, de uma pessoa da família, você coloca aquele bem em nome dele como forma de escamotear a propriedade daquele bem", revelou o delegado da Polícia Federal na Paraíba Fabiano Emídio. O tema está presente no livro ‘Lavagem de Dinheiro e Paraísos Fiscais – A captura da economia pelo crime organizado”, que ele lança nesta terça-feira (27) no Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), às 17h.

A obra será apresentada pelo promotor de Justiça Octávio Paulo Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco-PB) e contará com a participação do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Joás de Britto Pereira.

A obra, com 156 páginas, tem o selo da Editora Lumen Juris, e é o resultado da dissertação de mestrado em Direito Econômico, concluído pelo autor no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Além disso, o trabalho abrange minha experiência enquanto delegado de Polícia Federal, com atuação na área de repressão à corrupção, lavagem de dinheiro e crimes financeiros, e como professor de Direito Penal e Processo Penal”, disse o delegado. A pesquisa durou dois anos.

Fabiano também lembra que seu livro traz os acontecimentos nacionalmente conhecidos, que foram objetos da Operação Laja Jato, e as investigações que presidiu na Polícia Federal na Paraíba, envolvendo o assunto. Dentre outras ações, Fabiano comandou a Operação Xeque-Mate, que desarticulou um esquema criminoso que funcionava na prefeitura e na Câmara de Cabedelo.

De acordo com o autor, o livro servirá, também, como ferramenta de pesquisa para as futuras gerações, por trazer informações de análise, métodos, técnicas e dados referentes à lavagem de dinheiro e suas conexões com os paraísos fiscais, revelando a dimensão nacional e mundial do problema. “Pode servir como um alerta sobre um fenômeno que corrói a economia mundial e mina a confiança nas instituições”, analisou.

Fabiano Emídio é delegado de Polícia Federal há dez anos, professor de Direito Penal e Processo Penal nos cursos de Graduação do Iesp e da Fesp e de pós-graduação do Unipê. Também ministra aulas no Curso de Preparação da Escola Superior da Magistratura (Esma), na Escola Superior do Ministério Público da Paraíba e na Escola Nacional dos Delegados de Polícia Federal.