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VIDA URBANA

'Mais Médicos': cubano não atende pacientes

Segundo moradores, médico teria se negado a prestar assistência aos pacientes porque estaria com o pagamento atrasado. 

Publicado em 09/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 20/06/2023 às 11:41

A população do Colinas do Sul, no bairro do Valentina de Figueiredo, em João Pessoa, que procurou atendimento na manhã de ontem, na Unidade de Saúde da Família (USF) denominada Ipiranga, deparou-se com a negativa de um médico cubano em prestar atendimento. A justificativa do profissional, contratado diretamente pelo Ministério da Saúde (MS) com remuneração mensal de R$ 10 mil, segundo os pacientes, foi o atraso no repasse do pagamento. Cento e vinte e seis médicos atuam na Paraíba Mais Médicos.

De acordo com a dona de casa Osanilda Santos, de 53 anos, que esteve na USF no início da manhã para apresentar exames e buscar uma receita para a aquisição de medicamento para pressão arterial, o atendimento foi negado pelo médico cubano Reinaldo Dias Martinez. “Os moradores dessa comunidade sofrem muitos prejuízos quanto a saúde porque o atendimento prestado na USF Ipiranga é muito ruim. É preciso vir várias vezes aqui para ser atendido e no dia que finalmente iria realizar a consulta, o médico simplesmente foi embora, negou-se a atender, alegando que o governo não pagou o salário dele. Para piorar a situação, o outro médico, brasileiro também se negou a nos atender e disse que não tinha no mundo quem o obrigasse”, afirmou.

Outra testemunha da cena, que ocorreu na entrada na unidade de saúde foi Marcos Antônio da Silva, de 54 anos. Diabético, ele buscava pela terceira vez, desde novembro, apresentar um hemograma ao médico. “Eu nunca recebi atendimento nenhum aqui. Jamais um médico me atendeu. Sempre que busco atendimento, sou remarcado para o mês seguinte. O mais absurdo é um médico ir embora e deixar os pacientes aqui e o que ficou simplesmente se negar a atender, e afirmar na presença de todos os cidadão, que pagam seus impostos e portanto têm direito a um atendimento de qualidade, que não iria nos atender”, revelou Marcos, citando como responsável pelo comentário, o médico Oscar Lustosa, que trabalha no local há mais de 5 anos e é vinculado a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

No momento em que a reportagem chegou a unidade de saúde, o médico Oscar Lustosa estava em atendimento e não quis dar entrevista.

A diretora do Distrito Sanitário III, responsável pela área, Kaligia Deininger, conversou com outra médica que garantiu atender Marcos Antônio ainda na manhã de ontem. Segundo ela, cada médico é responsável por atender a população de uma determinada área, pré-definida e que por isso, os pacientes que seriam de responsabilidade do médico cubano não receberam atendimento por parte de Oscar Lustosa ou de outros profissionais.

“Essa USF possui quatro equipes e de fato existe a resistência por parte deles de atender pacientes que são de responsabilidade de outro profissional. No entanto, costumamos conversar com eles e garantir o atendimento, até porque o Sistema Único de Saúde (SUS) é universal e garantido a todos, sejam brasileiros ou não. Vou conversar com o médico para melhorarmos o acolhimento dos pacientes e reagendar os pacientes para o dia mais próximo de modo que sejam minimizados os prejuízos”, afirmou Kaligia Deininger.

CONSELHO NÃO PODE AGIR

O presidente do Conselho Regional de Medicina na Paraíba, (CRM-PB), João Medeiros, esclareceu que como os profissionais contratados pelo Programa Mais Médicos não são registrados junto ao órgão, não há gerência com relação a eles, ou seja, nenhuma medida pode ser adotada pelo Conselho como ocorre com os demais profissionais.

“Se isso acontecesse com um médico registrado nós teríamos como instaurar uma sindicância, adverti-lo e mesmo o suspender de suas atividades. No entanto, orientamos que os pacientes apresentem denúncia junto ao CRM para que possamos entrar com uma ação junto ao Ministério Público Federal (MPF) para que alguma sanção seja adotada”, disse João Medeiros.

Ainda segundo o presidente do CRM, nenhum médico pode simplesmente abandonar o trabalho, ainda que sua remuneração esteja atrasada. Nos casos em que isso ocorre, o profissional deve informar ao Conselho e a diretoria da unidade é estipular um prazo para que o pagamento seja feito, que no geral é de 30 dias. “Abandonar o pacientes a própria sorte não é admitido de forma alguma”, disse.

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Jornal da Paraíba

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