Médicos ainda mantêm cirurgias suspensas no ‘Arlinda Marques’

Do Jornal da Paraíba

Apesar do secretário de Saúde Mário Toscano anunciar a volta ao trabalho dos médicos cooperados do Hospital Arlinda Marques, as cirurgias continuam suspensas devido a não assinatura dos contratos que estão vencidos desde setembro de 2010.

O presidente da Cooperativa dos Cirurgiões da Paraíba (Cooperci), Marcos Maia, informou que aguarda da Secretaria de Saúde a minuta contratual para ser analisada pela assessoria jurídica e pelos médicos cooperados. A exigência é que fique estabelecido número de plantões, valores e se haverá novas contratações para suprir a necessidade do Hospital que cresce a cada dia. Hoje, ele conta com apenas 14 cirurgiões para atender uma demanda de cerca de 300 atendimentos mensais.

“Não há data para nosso retorno, só voltaremos ao trabalho depois de analisarmos a minuta contratual e a posterior assinatura dos contratos. Estamos há sete anos trabalhando e esperamos que respeitem nosso antigo ajustamento. Pagamento de valores pendentes não são prioridade para nosso retorno”, diz Maia.
Sobre uma possível criação de força-tarefa e triagem para cirurgias prioritárias, Marcos salientou que isso vai ser acordado com a secretaria após a volta ao trabalho dos cooperados, mas não há nenhum indicativo para aumento de plantões para suprir atendimentos não realizados anteriormente.

Mais de 70 cirurgias eletivas deixaram de ser realizadas no Hospital Arlinda Marques e crianças de várias cidades do Estado aguardam resolução de impasse da cooperativa de médicos para serem atendidas. A dona de casa, Rafaela Amanda, da cidade de Itabaiana destacou que teve a operação de fimose do filho cancelada devido à paralisação e sem data para realização. Com medo de piora de saúde da criança, ela conseguiu através de convênio uma nova data em outro hospital. “Hoje vou marcar a cirurgia do meu filho em outro hospital de João Pessoa, mas ainda não sei para quando, isso é um descaso da saúde da Paraíba”, desabafa.

A paralisação das atividades teve início no dia 3 de dezembro e desde então encontram-se suspensas. A Secretaria de Saúde informou que esse problema deve ser solucionado até sexta-feira, dia 11, com a assinatura dos contratos que estão sendo elaborados pelo órgão com as cláusulas definidas em acordo com os médicos cooperados. A secretaria disse ainda que as cirurgias consideradas de urgência e emergência não foram suspensas, apenas relocadas para outros hospitais como Edson Ramalho e Hospital de Trauma.

Contratação imediata

Para auxiliar na agilidade da retormada dos serviços no Arlinda, a juíza da 5ª Vara da Fazenda Pública da capital, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, determinou a imediata contratação dos cirurgiões pediátricos e que o Estado tome as providências necessárias para que sejam feitas as cirurgias eletivas ou de urgência nos pacientes infantis que aguardam o procedimento.

Fátima Ramalho também destacou que as autoridades responsáveis “estão se esquivando de pagar ao profissional de saúde”, alegando que não possuem recursos orçamentários e que tal pagamento fere a LRF. “Essa alegativa é insustentável. A prestação do serviço de saúde é de relevância pública, devendo o Estado ser obrigado a fornecê-lo de forma adequada e eficiente”, defendeu. O descumprimento da ordem judicial resultará em multa diária de R$ 10 mil ao secretário estadual de saúde e à procuradora-geral do Estado.