VIDA URBANA
Movimentos foram alvo de manobra
Tanto a campanha das ‘Diretas Já’ como o ‘Fora Collor’ foram movimentos gigantescos de massa, mas terminaram por ser conduzidos por interesses das classes dominantes.
Publicado em 30/06/2013 às 8:50 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:04
Para o historiador Jonas Duarte, tanto a campanha das ‘Diretas Já’ como o ‘Fora Collor’ foram movimentos gigantescos de massa, mas terminaram por ser conduzidos por interesses das classes dominantes, as quais não queriam nenhuma mudança substancial no país.
“Nas ‘Diretas Já’, colocamos 2,5 milhões de pessoas nas ruas e não aprovamos a emenda que garantia eleições diretas”, afirmou.
“Entretanto, os dirigentes conciliadores, ao invés de fortalecer o movimento para colocar 5 ou 10 milhões nas ruas, traíram as massas que acreditavam ser possível transformar o país com as mobilizações”, declarou o historiador.
No ‘Fora Collor’, segundo Duarte, os próprios poderosos insatisfeitos com os rumos do governo, e sua incapacidade de levar a cabo as reformas neoliberais que esses poderosos queriam, conduziram, de forma sutil ou explícita, as manifestações.
“O objetivo era tirar o presidente corrupto e falastrão e concluir um projeto de privatizações e reformas neoliberais, completadas no governo do presidente Fernando Henrique”, explicou.
Segundo o historiador, os ‘caras pintadas’ se tornaram massa de manobra para os interesses escusos à nação. “As mobilizações de rua foram apresentadas pelos poderosos grupos econômicos como um processo de legitimação das privatizações dos governos Itamar e FHC. Collor foi o ‘boi de piranha’ do momento”, frisou.
Fenômenos desses tipo podem ocorrer novamente, conforme Duarte. “A luta de classe está na rua, não pela pauta de mobilizações, mas, essencialmente por sua condução”, afirmou.
Por fim, ele disse que é natural que as primeiras manifestações pareçam difusas, sem foco objetivo. “Mas certamente essas mobilizações deverão ganhar contornos político-ideológico de grandes dimensões que pautarão os rumos do país”, comentou.
Segundo ele, a Direita quer pautar o de sempre: a corrupção. “Há uma disputa silenciosa pela hegemonia do movimento que surge a partir de jovens indignados com as injustiças do sistema, saturados com a forma de fazer política no país”, finalizou.
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